“Ela fazia bem ao azul. Usava um vestido da mesma cor do céu, mas ainda assim refulgia na moldura um inimaginável contraste, como se houvesse acontecido ali uma disputa pela beleza, que ela vencera já ao primeiro instante em que surgiu à minha frente. Apenas passava, eis a verdade, como passaram tantas outras, sem saber da minha presença e da minha contida cobiça.

A beleza salvará o mundo, disse, faz tempo, o russo definitivo. No meu caso, ela tratou mesmo foi de me deixar sem salvação, apenas como espectador desse mundo que nunca, ao menos, toquei, etéreo.

O corpo envelheceu, meu caro, mas os olhos não descobriram isso ainda. E são eles que alimentam uma interminável fantasia, numa história que arranja sempre um jeito de não pôr um ponto final.

Eu sempre fui apaixonado por uma mulher que não conheci. Ela mudou de rosto, de idade, de cor, de cabelos, de andar, de vestido, sim, mas tudo estava ali, agora, de passagem, adornando o azul – o do vestido e o do céu. Vislumbrada ao longe, intocada, desejada, perseguida por retinas ávidas de um viver desconhecido – apenas pretendido.

Pra começar, o que se interpunha entre nós, eu e aquela que enfeitava o azul, era o tempo, o inimigo mais perverso e impiedoso que alguém pode enfrentar. Ele não nos dá chance nenhuma, um segundo sequer de trégua, para que a gente possa se recompor e voltar à batalha. Pois é, a batalha já estava perdida antes mesmo de começar. Sabe aquela história de quando um não quer, dois não brigam? Era isso: a minha adversária me deu as costas, refugou a porfia e me deixou cheio de ausências.

Eu não sabia o que fazer, até porque não havia nada que eu pudesse fazer para alterar a realidade dos calendários, nem se pudesse viajar num buraco de minhoca, desses que a Física criou ou descobriu, não importa. Tudo que é real parece sempre exigir uma equação complexa para se provar. O que dizer então do instante em que o real e a fantasia se fundem, criando a beleza mais triunfante, aquela que há de ostentar o troféu da definitiva vitória?

Tentei enxergá-la como a uma beleza dura, feita de mármore, mas a minha forçada criação  revelou-se apenas uma fraude da verdade posta: a suavidade e leveza dos seus traços me pareceram ainda mais cruéis, por ignorarem a dor que me vazava, como a água num pote quebrado, tombando sobre o chão de pedra. Inúteis, todas as minhas invenções se denunciaram inúteis.

Sentei aqui, desde cedo, tentando descrever em palavras – eu nada sei de equações, de aventuras em meio ao Universo -, mas pouco ou quase nada consegui. Veja que bobagem pus aqui no papel: – A Terra é azul.”

Até o "oferecido" Renato Feder rejeitou o Ministério da Educação
Nunca o fosso entre os governos e o povo foi tão profundo
  • Há Lagoas

    Escrever com a alma é para poucos!
    Linda mensagem!
    Um bom domingo a todos.

  • Antonio Moreira

    Era um menino, já tinha simpatia por camisa de cor azul, depois apareceu a calça Jeans tradicional – envelheci e ainda é a minha preferência a cor azul, parece que me deixa menos feio.

    Trapichão (Estádio Rei Pelé) – Jogo CRB x CSA:
    Por que o meu coração pede que eu fique no meio desta multidão vestida de cor vermelha e o meu desejo é está usando uma camisa azul? Alguém sabe explicar?

    Ela era a mais bonita da minha rua, o meu coração batia forte, o chão estremecia e ela não olhava para mim. Eu achava o rapazinho feio, mas era muito conversador e foi com ele que ela namorou. Lá adiante, a minha febre passou e não sentia mais nada por ela.

    Época de ginásio, aquela mulher (jovem) me encantava, ela naturalmente percebia, mesmo sem eu dizer uma só palavra.
    Depois de muitos anos, fomos colegas de trabalho. A situação ficou invertida ao meu favor, mas ficou apenas nas lembranças do passado e mais nada – Azul.

  • Antônio Carlos Barbosa

    Pois é, velho Mota, ninguém consegue ficar insensível à beleza. Os olhos espelham nossa alma, nossos desejos, nossas paixões, como de forma magistral foi mostrado na imperdível película Argentina, “O Segredo Dos Seus Olhos”, que você poderá cambiar, trocar, de esposa ou namorada, emprego, religião, profissão, enfim, somente é fiel a sua paixão, e a descoberta se dá através do olhar e do desejo imutável do personagem Isidoro Goméz, através da análise psicanalítica do personagem Pablo Sandoval.
    As fotos e vídeos, mostram o planeta terra de uma cor Azul belíssima, de longe, bem de longe, pois para nós habitantes do planeta, a realidade vivenciada no mundo é bastante cruel e de sofrimento, como as paixões.
    Bom domingo.
    Vida que segue. Vamos em frente.

  • Democracia ao PONTO: garçon + 1 cana, tira gosto SARDINHA péÓóRrrrr sem ELA!

    Um bom domingo, caro Ricardo MOTA … como tOntos outros!
    Desses n’ORLA entreabrindo COXAS de moças … Garçon, + 1 !!!

    ACIMA de tudo Vc diz papeando c’azulino, Beleza PURA:
    … ‘Tentei enxergá-la com’a 1 beleza dura, feita de mármore
    Em VERDADE apenas vos digo
    … ‘fraude da verdade posta: […] dos seus traços [REDOND’ela]

    Caeteneamos em o3′ 36″ ante DEUSAS acima de todXs em o3’ 36″
    … Ñ m’amarra dinheiro ñ, MAIS formosura de pele escura e carne dura
    https://youtu.be/ZB0M4IDQ0cM

    > Happy Hour ante a 73ª novela das 7 [18fev-12 set2008, 179 capítulos]
    – Ao derredor do FIGO verde bílis depois de 7 Pecados c’as 3 Irmãs
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza_Pura

  • Laskdo

    A beleza é relativa, está no coração de quem vê. Se meu coração busca lascividade, luxúria e erotismos na figura feminina, a beleza retratada nos quadros sacros, com imagens de figuras de olhar sereno, sorriso contido e feições delicadas, são indiferentes. Com certeza não terão um minuto da minha atenção. Mas por outro lado, aquele que busca a pureza, a santidade e a castidade, sobe aos céus apreciando tais imagens. Tudo depende do meio em que o produto, o homem, foi influenciado.