Esta foi a resposta dada pelo antropólogo, professor universitário e escritor Edson Bezerra à pergunta que lhe apresentei:

– Por que o 20 de novembro em Alagoas é tão somente um dia em que crianças e adolescentes deixam de ir às escolas públicas, os postos de saúde fecham e nada mais acontece que nos lembre a tal “consciência negra?”

A pergunta é longa, mas a resposta breve esclarece tudo.

O Quilombo dos Palmares não tem grande significado para os alagoanos, que deveriam reverenciá-lo e exaltá-lo como o maior foco de resistência à escravidão negra, que durou mais de 300 anos no Brasil.

É disso, também, que trata o Manifesto Sururu: por uma antropofagia das coisas alagoanas, que ele relançou – a segunda edição – recentemente (a primeira é de 2004).

Inquieto, sempre em busca de algo que sustente ou contradiga a sua convicção – de que há uma identidade alagoana a ser descoberta e celebrada por nós -, Edson Bezerra é o convidado do Ricardo Mota Entrevista desta semana.

Seu depoimento sobre o massacre dos terreiros em Maceió – O Quebra de Xangô, em 1912 – se desdobra em emoção e indignação. Porque é assim que ele é.

O articulador cultural está sempre andando pela periferia da capital e pela ‘Alagoas profunda’, encontrando as pérolas que ainda não brilham aos nossos olhos, talvez menos curiosos e/ou otimistas, ainda que da sua mesma terra lagunar.

É daí, ele garante, que surgirá a mais profunda e bela identidade que um povo há de querer exibir.

É conferir.

Ricardo Mota Entrevista

Domingo, às 10h30, na TV Pajuçara

Convidado: Edson Bezerra, antropólogo, compositor, escritor e articulador cultural

------------------------------------------------------
Ciro e Lula se estapeiam e a turma do 38 acha graça
  • JEu

    Concordo que o povo brasileiro ainda tem resquícios psicológicos muito fortes de um atavismo histórico ligado ao período da escravidão… e concordo que esse período foi uma mancha negra na consciência do povo brasileiro, que haverá de resgatar com todos os “ceitis”, conforme mencionado por Jesus… no entanto, é preciso reconhecer que a cultura do “nós contra eles”, de “negros contra brancos”, de “homos contra éteros” em nada contribui para apaziguar a nação e construir uma sociedade mais socialmente justa, igualitária e, principalmente, o respeito de cada um pelos outros e vice-versa… também não é buscando destruir tudo ao seu redor que não lhe agrade que vamos banir de nossa memória e nosso comportamento os preconceitos que ainda carregamos… e hoje, ao que parece, já não temos somente o preconceito de brancos contra negros, já encontramos o contrário também… saímos de um extremo, e estamos nos encaminhando para outro… assim, tudo o que ponha em relevo as diferenças epidérmicas e de outros tipos afetivos, emotivos, psicológicos, etc, em vez de auxiliar a controlar e eliminar tais “sentimentos”, mais os deixam à mostra, mais os evidenciam… um dos equívocos, ao meu ver, são as tais “cotas raciais” no sistema educacional… tive um professor, que era pardo, que disse uma vez em sala de aula: curso superior não é para todo mundo não, é para quem tem inteligência superior… ou seja, o curso superior é para aqueles que têm capacidade intelectiva superior, muito embora seja algo desejável para todos… e não adianta dizer que o problema está na educação pública somente, pois muita gente que estudou em escola pública já alcançou o nível superior, e tanto o noticiário quanto a própria vida demostram o contrário… afinal o conhecimento, principalmente em nossos dias, está disponível para todos… agora é preciso seguir o conselho de Jesus: Buscai e Achareis… ou seja, é preciso ser intelectualmente ativo e desejar obter o conhecimento… agora, creio que o mais importante é buscar diminuir as desigualdades sociais… se os que alcançam o nível superior, por méritos pessoais, precisam ser reconhecidos com cargos onde se requer maior atividade intelectiva e maior retribuição salarial, também os que ficam no nível médio ou fundamental precisam ter direito à salários dignos que, embora não os ergam à mais altos padrões sociais, mas que os compensem com uma vida digna e satisfatória… por exemplo: segundo o Dieese (creio que já foi divulgado) o salário mínimo deveria se aproximar dos R$ 4 mil… infelizmente, nossa economia não é capaz de tal proeza, nos dias atuais… agora, é preciso que o cidadão, mesmo nos níveis menos elevados da sociedade tenham um comportamento de busca de melhorias e aperfeiçoamento pessoal incessante… em vez de só pensar em comer, beber, dormir, assistir ao futebol e brincar o carnaval, deveria também pensar, desejar e buscar sempre aprender, compreender, aperfeiçoar suas capacidades pessoais… crescer sempre, esse deve ser o objetivo permanente… afinal, existe, hoje, muita gente que já tem um diploma universitário, porém não consegue uma colocação na formação e, muitas vezes, ou estão desempregados ou estão ocupando funções bem abaixo de suas formações, o que gera insatisfação e, até, revolta de muitos… e assim, vamos mantendo e vivendo uma sociedade que ainda mantém os mesmos padrões de décadas atrás… e isso tudo é uma pena e uma perda de tempo para a evolução de nossa sociedade…

  • Maria

    O que adianta termos no nosso estado um patrimônio histórico e cultural tão importante e reconhecido internacionalmente (MERCOSUL) se nada é feito para valorizarmos esse bem. Alem da bela paisagem não vi nada que possa traduzir o tamanho da importância do lugar e promover um turismo que gere empregos etc.(Muito tem que ser feito para mudar essa realidade) Agora se lermos a historia mesmo que seja pela internet vemos claramente uma grande forma de combater a discriminação racial… Nesses tempos de falta de consciência humana. Se perguntar nas escolas o porque do nome dos municipios alagoanos onde eles moram certamente nem meia duzia vai responder…nem dentro e nem fora da sala de aula.

  • Adson Freire

    Esse tipo de discurso já não “cola” mais. Todos sabem que o racismo não pode ser tolerado de forma alguma. É uma via de mão dupla. Também, deve-se respeitar as tradições culturais mas deve-se ter tolerância com o direito das pessoas gostarem dela ou não. Como disse certa vez com sinceridade o historiador Evaldo Cabral de Melo: se os quilombos tivessem se tornado um estado independente, seria um país tão pobre quanto os países mais pobres da África.

  • Regis

    Gostaria de deixar nesse blog a indignação aos deputados: BRUNO TOLEDO, LEO LOUREIRO, DAVID DAVINO E MARCELO BELTRAO e dizer que não nos esqueceremos do privilegio de cerca de 4 milhões ao “hospital veredas” (matéria extra-sururu).A população agradece por continuar abrindo nossos olhos para os “acordos” que continuam e se perpetuam como sempre no nosso estado e que o melhor para o povo não existe.

    • Juliana

      Presente de Papai Noel caro Regis,mas a cada notícia negativa de fato referente a essa instituição lembraremos do nome de cada um desses deputados apoiadores.

  • Alfredo

    Gramsci explica!

  • Silvio

    Maior vergonha nacional e Estadual, foi os festejos na cidade de União dos Palmares. Entre grupos da raça negra, tinha banda de rock branco cantando música de branco. Era rock que os palmarinos queriam? Onde estava o blues e o jazz nessa hora? Não existe banda de blues e jazz no Estado de Alagoas? Saí frustrado da praça, mesmo curtindo Sandra de Sá e outros grupos locais. Da Serra mesmo fui embora, dia 20. Não tive o prazer de ir curtir na cidade, que tinha a banda Vibrações.. só existe banda Vibrações no Estado de Alagoas, não existe outros grupos? VERGONHA!