Os deputados Arthur Lira e Marx Beltrão não são, bem sabemos, os preferidos pelos movimentos dos trabalhadores e dos aposentados – pelo histórico político de ambos, e por serem ligados a clãs tradicionais da política alagoana.

Mas são eles, como representantes de Alagoas, que neste momento estão atuando na defesa dos interesses dos mais vulneráveis, estes brasileiros que podem brutalmente ser atingidos pela Reforma da Previdência, se o projeto não for alterado.

São os trabalhadores rurais, os idosos em situação precária, as pessoas com deficiência. Todos eles podem perder muito – ou tudo – se a PEC governista passar do jeito que chegou ao Congresso.

O projeto tem tudo para ser aprovado, mas isso não deve acontecer preservando o pacote de maldades nele embutido. Que se combatam os privilégios, mas não se penalize quem já passa a vida no sofrimento. A Previdência no Brasil tem um papel social – não apenas no nome -, diferentemente dos países econômica e socialmente mais justos.

Arthur Lira, que comanda o chamado Centrão – cerca de 150 deputados federais -, já conseguiu dar um freio na matéria, antes da votação na CCJ. Ele defende que a reforma só seja aprovada no segundo semestre, depois de amplamente debatida e modificada.

Marx Beltrão, por sua vez, já firmou posição contra alterações propostas pelo governo ao modelo atual e que atingem os mais vulneráreis.

Está na hora de os movimentos sociais – sindicatos e centrais sindicais – buscarem o entendimento com os dois deputados, mesmo que eles não sejam da mesma corrente partidária dos militantes.

Propor, negociar, reivindicar, tudo isso faz parte do pacote da democracia. Ignorar a realidade e a correlação de forças, antes de qualquer coisa, é uma tolice que tem consequências.

Dom Hélder Câmara, personagem de grande importância histórica – que foi lembrado várias vezes para o Nobel da Paz na época da ditadura -, dizia que não podemos abandonar uma bandeira justa, mesmo que nos pareça estar nas mãos erradas.

E ele sabia do que estava falando quando defendeu a formação de uma frente ampla contra o autoritarismo.

MP Estadual e Defensoria vão discutir nova proposta da Braskem
Deputados esperam destravar as 20 nomeações a que têm "direito" no governo
  • JEu

    Pelo que sei, o sistema previdenciário é sustentado pela contribuição de cada trabalhador… logo, quem não contribui para o sistema não deveria ser enquadrado no mesmo para o recebimento de benefícios… dessa maneira, quem não contribui e precisa receber auxílios ou benefícios deve ser amparado por lei que garanta verba própria, destinada à esses benefícios… dessa forma, se alivia o sistema previdenciário e coloca a carga nos ombros da sociedade inteira que deve contribuir, através de impostos, para que existam recursos suficientes para o amparo a quem mais precisa… e que se garanta que o piso do benefício será equivalente ao salário mínimo vigente no país… agora, sempre o disse aqui que se deve acabar com privilégios os mais diversos, como penduricalhos e “auxílios e vantagens” os mais variados existentes, em todos os poderes, e que todos recolham o percentual da previdência e do IR sobre o salário bruto recebido… e sobre a “defesa dos direitos do trabalhadores” que o centrão anda defendendo, li o seguinte, no Estadao.com.br, esta semana, que o Deputado Paulinho da Força afirmou que “o centrão quer uma reforma da previdência desidratada para garantir a não reeleição do Bolsonaro”… isso diz tudo…

    • Antonio Carlos de Almeida Barbosa

      Perfeito! É o que basta!

    • SH.

      Concordo integralmente com sua análise, JEu!

      Previdência é uma poupança (individual ou coletiva) que fazemos enquanto trabalhamos visando termos uma renda quando pararmos de trabalhar.

      Qualquer benefício a quem não contribuiu deve ser expurgado da previdência e instituído como programa social.

      Quem já trabalhou e contribuiu não pode pagar por quem nunca ajudou ao caixa previdenciario.

      Sou a favor de continuar a conceder ajuda a quem não contribuiu, mas vindo direto do caixa da união e não do dinheiro da previdência.

      E aproveito para discordar do Ricardo Mota que foca o tema de forma muito infantil, como se para ele os homens maus fossem tirar o dinheiro dos velhinhos… Ricardo, a matemática está aí para provar que se 10 contribuem e 30 vão se beneficiar os que contribuíram vão pagar (reduzindo seu benefício) pelos que nunca ajudaram.
      Como manter um benefício justo se tudo que vc poupa tem que dividir?
      Por isso que apoio contas individuais, e que o governo apoie através de seus programas sociais quem nunca aderiu ao programa.
      Agora pra quem acha que 100 contribuem 200 recebem e vai sobrar dinheiro pro futuro eu só tenho um argumento MATEMÁTICA!

  • Carlos

    Concordo com o comentário se Artur Lira e Marx Beltrão, estão vivenciando estes momentos de lucidez politica, é hora de amadurecimento de deixar as diferencias de lado e somar sem rancor. Sou de Coruripe e não voto nessa turma e no entanto não posso ser oposição com os momentos relâmpagos de que é defendido pelos citados acima ou será que estão assim por algum interesse pessoal que não foram ainda atendidos espero que não…

    • Onofre da Pindorama

      É isso Carlos, conterrâneo com desconfiança nos parlamentares e no entanto aproveitar a oportunidade se eles estão realmente preocupados com os mais vulneráveis que o objeto desejo dos políticos perversos vê o pobre morto mais breve possível. Aproveito para agradecer a você Carlos,pela visita com o Edinho do seu Hélvio, aqui ma minha residência e ter a oportunidade de falar do descaso que sofre a população da Pindorama,Bonsucesso e Botafogo da administração dos mandatários de Coruripe… A saúde é um Deus me acuda.

  • Há Lagoas

    Está pedindo dialogo a quem já não sabe o que realmente significa esta palavra…
    Dialogo na democracia é algo salutar, entretanto, o que temos visto é truculência e ideologias partidárias em detrimento dos interesses dos mais pobres.

  • RENATO ROCHA

    Presidente licenciado da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD) afirmou nesta quarta-feira, 1º, em São Paulo, durante o ato unificado pelo Dia do Trabalho das centrais sindicais, que está tentando conquistar apoios no Centrão para a “desidratar” a reforma da Previdência. Seu argumento é que a reforma, na proposta encaminhada pelo governo – que prevê uma economia de até de R$ 1 trilhão em dez anos –, ajudaria na reeleição do presidente Jair Bolsonaro. “Precisamos de uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição do Bolsonaro”, disse Paulinho.

    Infelizmente essa e a preocupação dos políticos não no povo e sim no poder

  • Djalma

    Reforma previdenciária é necessária, mas com justiça, quem sobreviveria com R$ 400,00 mensais? E tem que se discutir as mudanças inclusas que não são parte da previdência a exemplo do FGTS. Racionalidade é questão de ordem

  • Valdeck

    Fazendo uma analogia ao mundo dos animais irracionais, todos hão de concordar e perceber que no reino animal os opostos decididamente não se atraem ou já vimos galinha e raposas perambulando juntas? Ou já vimos gatos e ratos dividindo o queijo? Aliás, a reforma da previdência parece-me mais o queijo que é a isca para nosso próprio cadafalso. E como tal, tem encantado os políticos de plantão, obviamente o empresariado e o mercado que tem a chance de lucrar mais ainda reduzindo e fragmentando o trabalhador unilateralmente como postulou Marx nos idos do século XIX. O cenário político em Alagoas no tocante a reforma previdenciária, só mostra e atesta cruelmente que a população e os trabalhadores definitivamente não tem representação no Congresso Nacional, menos ainda na Assembleia Legislativa e pior na Câmara de vereadores. Restando por conseguinte ficar refém do poder de políticos que não comungam do bem estar social, da justiça social, da igualdade social. Os movimentos sociais tem princípios e vivência bastante oprimidas, não por opção e sim pelo determinismo dos tais representantes políticos alagoanos que sabemos nós que em caso de aprovação da reforma como está, a população mais carente e pobre dos redutos políticos desses representantes certamente hão de cobrá-los caro e assim como aconteceu com o pai de um deles, poderão ser alijados no próximo pleito, o que seria um fardo grande para tais famílias cortar o cordão umbilical que os nutre por décadas a fio. O interesse paladino portanto não é pelo bem comum e sim pelo jogo e rearranjo político dos ditos representantes alagoanos no parlamento. E o que é mais lamentável é que a população como um todo não acordou da letargia e do perigo que corre caso seja aprovada essa perversa e insalubre reforma previdenciária.

  • Lucas Farias

    Prezado Ricardo, é impressionante a avalanche de desinformação nos comentários de quem não entende absolutamente nada sobre como funciona a Previdência Social e opina se achando a maior autoridade no assunto. Sugiro ao amigo que entreviste alguém que possa esclarecer com propriedade e de forma didática os aspectos mais básicos sobre o sistema de seguridade social, no qual se inclui a previdência, e os pontos controvertidos da reforma proposta. Acho que será importante para dissipar as fakes news e a ignorância sobre o assunto.

    Sem desejar repetir outros comentários que já coloquei aqui, gostaria de rebater especificamente o que foi dito no primeiro comentário a seu texto, no sentido de que a previdência seria custeada apenas pela contribuição de cada trabalhador, como se fosse uma poupança futura de si mesmo. É falsa essa afirmação e isso pode ser constatado de uma leitura do artigo 195 da Constituição Federal.

    Quem custeia o regime geral da Previdência Social são: 1) os empregadores (contribuição previdenciária sobre a folha de salários de seus funcionários, a chamada contribuição patronal); 2) os trabalhadores (contribuição sobre os salários, descontadas em folha); 3) a sociedade, por meio de PIS, Cofins e CSLL, recolhidos pelo empresariado mas repassados a todos; 4) rendas de jogos lotéricos; 5) outros recursos previstos em orçamento dos entes públicos.

    Esses encargos se coadunam com um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro: a erradicação da miséria e da marginalização (Constituição, artigo 3.º, III), visando à redução das desigualdades sociais.

    Resumindo: a Previdência Social, no Brasil, não é somente instrumento de seguro social (aposentadorias e pensões), mas também instrumento de redução de desigualdade, que deve ser aperfeiçoado para que o Estado cobre mais do topo da pirâmide em benefício de quem está na base. Estará fadada ao fracasso uma reforma da previdência que não considere as fontes de custeio e a necessidade de uma reforma tributária, progressiva e justa, e de uma nova reforma trabalhista, que não penalize o trabalhador e não estimule a informalidade. Um abraço.

    • JEu

      PIS, COFINS E CLL, ao que parece, são cobrados por cada trabalhador com carteira assinada, da mesma maneira o que está previsto em desconto do empregador… então, o resultado é o mesmo… e quanto às loterias e outros recursos, esses poderiam ser transferidos para o tal do fundo destinado à assistência social de quem não recolhe para a previdência e precisa de ajuda… eu não disse que eles deveriam ficar sem assistência, só que deveriam ser ajudados por outra fonte de recursos, em que a sociedade inteira colabore…

      • Lucas Farias

        Caro, sugiro que leia um pouco mais sobre o assunto. O que você disse não corresponde à realidade sobre esses tributos. PIS e COFINS incidem sobre o faturamento de uma pessoa jurídica, isto é, auferímento de receitas. E a CSLL incide sobre o lucro líquido da empresa. Não têm a ver com cada carteira assinada. Esses recursos já são alocados para um sistema chamado “seguridade social”, do qual a previdência faz parte, como expliquei acima. A previdência não consegue viver só de contribuição previdenciária do trabalhador. Quem afirma isso está mentindo ou desinformado. Além disso, a seguridade social sofre com as desvinculações de receita que hoje representam 30% de diminuição de recursos. A proposta do governo que você “ao que parece” apoia não propõe criação de um tal fundo de assistência social. Não há nada disso no texto da reforma e não há nenhum indicativo do governo em algo nesse sentido. Pelo contrário, considerando que o presidente apoiou a PEC do Teto dos Gastos (que congelou o crescimento real dos investimentos públicos por 20 anos) e que não há nenhuma proposta anunciada de ampliação de assistência social (a própria reforma restringe o acesso a benefícios), a realidade nua e crua é que este governo está preocupado em garantir dinheiro para pagar juros e serviços da dívida pública, atendendo aos interesses do mercado financeiro, como o ministro Paulo Guedes não se envergonha de afirmar.

  • Rosa Cavalcante

    Os comentários de Lucas Farias deveriam ser postados em letras maiúsculas para que todos entendessem sobre seguridade social, previdência e constituição. Ricardo, entrevista o Lucas para esclarecer as dúvidas dos brasileiros sobre a reforma do Paulo Guedes, pois o presidente não sabe de nada, que só privilegia banqueiros e empresários sonegadores que ficarão mais ricos e contribuirão muito para o crescimento da desigualdade social.

  • Lucas Samuel

    Arthur Lira e Beltrão não estão tendo lucidez alguma, estão lutando pra continuarem tendo um lugar ao sol, ou vcs acham que de uma hora para outra eles se tornaram os vingadores dos mais pobres. O interesse é desidratar e é obter algum benefício do governo federal, como um ministério, etc.