Pode até parecer dolorosa a confissão, mas a faço de alma lavada e de peito aberto: sou um conservador quando o tema é sexo. Para mim, o ato sexual tem de ser o crime perfeito – sem testemunhas.

Dito isso, explico aos leitores que me dedico a construir algumas crônicas banais, aos domingos, não por me considerar um escritor, nada disso, apenas porque eu sou um leitor apaixonado, o que me leva a algumas invencionices no campo das letras, tão tolerantes elas têm sido comigo.

Não ousarei, no entanto, usar este espaço para criticar o carnaval ou voltar ao tedioso, a essa altura, tema dominante da semana: a postagem sexual – ou pornográfica – presidencial.

Jamais me atrevi a ser um crítico de costumes, muito menos literário. As crônicas de temática corriqueira, sobre coisas comuns do cotidiano idem, são apenas um momento de descanso para o autor e de exercício de tolerância para o leitor – a quem sou grato.

Já de há muito, me dei conta de que apesar de ser um jornalista com atuação na área política, não tenho nessa seara ninguém a quem eu dedique o mesmo respeito, carinho e admiração que tenho e explicito aos personagens que povoam a minha memória e vivência afetivas. Estes, já disse em oportunidades diversas, construíram e constroem sua trajetória na ciência – Darwin e seus seguidores, por exemplo – e nas artes (literatura, inclusive), numa relação tão mais extensa quanto indissociável da minha alma.

Deixo claro que não possuo a erudição e o conhecimento específico e profundo dos críticos literários e das artes em geral. Mas também não guardo o tanto de tédio que muitos deles carregam em relação ao objeto das suas análises. Acho eu que a criação humana existe mais para que renunciemos, tanto quanto possível, às nossas origens selvagens, nem sempre superadas no dia a dia. O amor que lhe dedico é o do ócio, não do ofício.

Se o nosso gosto muda, e é verdade, isso não significa que se tornou imprestável aquilo que nos encantou e seduziu um dia. As transformações acontecem – e a Natureza é sábia em nos ensinar – na acumulação imperceptível de mutações minimalistas. O salto acontece, também é fato, mas até este se dá no obscuro território do acaso.

Não hei de lhes negar um exemplo dessas mudanças, pelas quais eu também passo e hei de continuar atravessando: Honoré de Balzac já foi campeoníssimo na minha preferência literária (outros também o foram). Não é mais, mas como foi bom conhecê-lo, mesmo que não tanto quanto os críticos literários.

Sobre eles, o antológico autor francês, que passou a vida a escrever sobre a sociedade em que vivia e a descrever a “imutável” condição humana, detonou:

– Todo crítico é um autor impotente. Compreendendo as regras do jogo sem poder jogar, professa.

Pode parecer cruel, mas em seu livro Os jornalistas ele vai ainda mais longe quando trata de aniquilar aquilo que me trouxe até vocês, no dia a dia e até mesmo aos domingos: “Se a imprensa não existisse, seria preciso não inventá-la”.

Discordo dele, pelo bem do avanço da liberdade, que não pode ser confundida com o esmagamento do respeito pelos diferentes e pelas diferenças – isso fica para as redes octogonais.

E voltando para o início mais essa banal crônica domingueira, esclareço: o crime, de que trato aqui, há de ser perfeito, sim, mas não pode deixar vítimas.

Quem diria: o general Hamilton Mourão virou "comunista"
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  • Há Lagoas

    Sexo sem amor é animalesco.
    A tal paixão – a qual os jovens acrescentam a palavra avassaladora – tem deturpado o real significado do sexo com amor. Nunca te vi, mas estou disposto a “trocar fluídos” em nome do prazer…
    O perigo – inclusive – é que na jornada da vida, de tanto se acostumar a amores fortuitos que descambaram em sexo, a fidelidade no casamento será uma tortura.
    Sei que para essa sociedade, estou miseravelmente reprovado!
    Mas é nisto que eu acredito e afirmo: sexo precisa de amor.

    • Sertanejo ENLUTADO esperando Justiça e PAZ com FÉ

      De FATO, caro Há Lagoas … Ricardo MOTA é do tempo do Escurinho no Cine IPANEMA’s 1940’s!
      à margem ESQUERDA do RI-Panema secado pu 5 barragens no Pernambuco REI da Comarca Servil dsd 1817.
      1. A história não é só aquilo que aconteceu, mas como recordamos o acontecido. [P Brown, Apple Corps Beatles 1968-1970]
      2. O que lembro, tenho.” [Guimarães Rosa]
      > O limiar da arte de luz, sombras e sons no médio sertão das alagoas
      – p’1 santanense apaixonado por sua terra, ZÉ Francisco Fo de Dona Clemência.
      3. O passado NUM tem existência en-CONT(r)O num é registrado no PRESENTE. (Nobel J Wheeler em FÍSICA, eeUU)
      https://memoriacineipanema.blogspot.com/

  • JEu

    Bom dia, Ricardo. Apreciei muito essa crônica de hoje… e, sem espanto, descubro nas suas opiniões mais uma em que concordo plenamente: ” sou um conservador quando o tema é sexo. ” … afinal, como dito um dia por Sócrates, a maior aprendizagem está em aprender com a Natureza… ela traçou, em suas linhas e entrelinhas, as diretrizes que precisamos para compreender a Vida e sua finalidade… insistir em quebra-lhe as leis harmônicas e perfeitas é concorrer para nosso próprio desequilíbrio… e, nesse campo específico, o sexo, a resposta vem pronta na lei de ação e reação, ou de causa e efeito… por isso vemos tantos e tantos desequilíbrios e tantos sofrimentos… é a reação para que, pela dor, voltem as criaturas ao comportamento mais equilibrado, um dia… que poderá não ser nesta existência… agora, não posso concordar com vc quando afirma: ” O salto acontece, também é fato, mas até este se dá no obscuro território do acaso.”… este, o acaso, quando se trata das diretrizes que regem a Natureza e à existência do Universo, não existe… tudo está posto dentro de Leis infinitamente inteligentes, soberanas e imutáveis… porém, para as coisas puramente materiais, a própria “mudança”, ou evolução, já está sabiamente prevista nas Leis da Natureza material… por isso, um dia, Lavoisier, compreendendo melhor as “tramas” da natureza material, afirmou: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”… o que não muda nunca, são as Leis da Natureza Moral, pois são as mesmas em todos os tempos… e, portanto, é verdadeiro o que li alhures e o repito aqui, mais uma vez: “Deus escreveu suas Leis na consciência no ser humano”… obrigado pelo texto de hoje. Bom domingo.

  • Antonio Moreira

    veja como se comporta um aglomerado de gente
    em um ponto de ônibus quando tem um casal no meio
    se esfregando, se amassando e etc!

    Gostava de ouvir quase todo tipo de música e hoje
    não tenho mais paciência. Adoro ouvir aquelas
    que estão em sintonia com a minha alma.

    Próximo do carnaval, alunos vestidos com trajes
    conforme o momento cultural, dançavam ao som de Marchinha de Carnaval.
    Agora, uma tal de “O nome dela é Jenifer” – Ah!, essa sim, foi a preferida
    pelo alunado. tocou dezenas de vezes! Sinceramente, não sei se é lançamento, nunca
    escutei antes.

    Gostava de assistir tudo de filme, hoje faço a minha vontade – ela é
    chata e seletiva.

    Não entendo que tipo de esporte esse onde o vencedor
    deixa o adversário vencido no chão!
    O duro mesmo, é o Coitado do animal(Boi)!
    Coitado, não tem nenhum o direito de berrar!
    //
    O crime, de que trato aqui, há de ser perfeito, sim, mas não pode deixar vítimas.

    – Mas, pode fingir com morreu?

    • CAETéLâNDIA 1817>Miami 2018 na Florida REINVENTANDO Brasil 2019-2022

      É Florida rumo Califórnia de Lulu SANTOS, caro Antonio!
      > Amor é um livro … Sexo é esporte: escolha e sorte, pensamento-teorema X novela-cinema
      – SEXO é imaginação, fantasia … prosa e poesia, c’amor patéticos X sexo epiléticos
      > Amor é cristão … Sexo é pagão … amor é latifúndio DIVINO, sexo é invasão ANIMAL
      – Amor é bossa nova … Sexo é carnaval pra sempre, sexo tão BEM do bom amor SEM sem sexo?
      > É amizade SEM nexo … Sexo sem amor É vontade, Amor é 1 & Sexo é 2: antes e depois
      – Sexo vem dos outros e vai s’ímbora … Amor vem de nóiX e demora: é cristão @-PAGÃO!
      . Amor é isso … Sexo é aquilo e coisa e tal e tal e coisa [A Jabor e Rita C, Rita L e Jones C, Roberto Z Affonso D’C]
      © Warner/Chappell Music, Inc _ https://youtu.be/ho-iGFctXe8

  • Lucas Farias

    Prezado Ricardo, admiro seu trabalho e, embora saiba de sua experiência, com humildade desejaria alertar para que não se deixe contaminar nem ser pautado pelos arroubos de fúria e insensatez de eventuais “leitores” (se é quem leem algo), incapazes de promover um bom debate. É dito que uma vez um sujeito convidou o poeta Mário Quintana para uma “troca de ideias”, ao que ele, ao estilo, respondeu: “Deus me livre!”, na certeza de que naquele escambo sairia perdendo. Um abraço.

    Resposta

    Meu caro Lucas:
    Esteja certo de que vivo longe desse universo. Se, às vezes, respondo a alguns comentários é só para exercitar um pouco do que essa turma iracunda não tem: bom humor.
    Mas valeu o conselho.

    Grande abraço,
    Ricardo Mota

  • Tida

    Adorei.

    • Joao da TROÇA anarco-carnavalesca BACURAU da Rua NOVA do Sertão – em St’ANA!

      Aqui em St’Ana tbém, Tida … é nóiX no TINDER c’a Jeniffer!
      > final dos 1940’s, início dos 1950’s, a cidade traz em seu nome a St’Ana p’Papa FIGO de Zé Urbano IV (1378)
      – aos 74 anos emancipada, DOIDA de pedra dizia B Accioly (Resolução nº 681, 24abr1875)
      > Costela da Comarca de Traipu ,6º Recenseamento Brasil IBGE (1950)
      – uma GRANDE St’Ana NA com + de 60 mil-habitantes cum MaravíA e Ô-D’as-Fulô, + Poço e Carneiros
      > Somado ao Capim das Olivenças e Guaribas de Monteiroóplis:
      + mais da metade da Maçayó, 9’s fora Majó-c’Z … é nóix no escurinho do Cinema IPANEMA!
      https://memoriacineipanema.blogspot.com/

  • amorim

    Politicamente correto, humanamente falível. Tudo que leio e vejo do homem são apenas ponto de vista, opiniões e nada mais . Tudo acontece na minha casa, mas boa mesma e a casa dos outros. Como conto, meu caro leitor, perfeita sua literatura, como realidade estamos distante. Essa também é a minha opinião.

    • Desde Colonia 1500 somos Portugais & RAMALHo$ – loucura!

      Pois, Amorim … carinho no CINEMA era público é comedido!
      > Aí vieram as fitas VHS no final do século passado, o X(i)x(I) na SALA
      # Meu bem Vc me dá agua na boca: fantasias tirando a roupa molhada de suor
      – no XiXI a Tv a cabo Netflix e internet redtubando o pornhub no QUARTO
      # A gente faz amor p’telepatia no chão e no mar, na lua e na melodia
      Em q meio nos metemos, Ricardo Mota e Amorim … confesso Q me pIrdY, pirei!
      > Mania de você de tOnt’a gente se beijá: imaginar loucuras … é nóix!
      – Nada mi´ó d Q num fazê nada: deitar e rolar com você [Rita Lee Jones Carvalho e maridão BETO Z A d’C]
      © Warner/Chappell Music, Inc _ https://youtu.be/Ebjji38EUnQ

  • Luiz R S Filho

    Ricardo…. em sua crônica de hoje vc aborda um tema tão desvirtuado em sua essência na atualidade e a cada dia. Entre os comentários até aqui apresentados, concordo e me alio ao leitor JEu. A Humanidade desde que existe – evoluí, não há duvida. A questão é que o rito desta evolução ainda rasteja pela materialidade, que por sua vez (citando o leitor JEu) vai ¨”quebrando as leis harmônicas e perfeitas, concorrendo para o nosso próprio desequilíbrio”. Nossas escolhas, no estado de maturidade ou não, resultam no que obtemos de ganhos e perdas, de crescimento ou estacionamento na ética moral.

  • Admirador DELE na Judeía do Mar MORTO, sertanejo no Rio PANEMA secado por 5 barragens em Pernambuco

    Pois RICARDO … à guisado de chã da TESTA nos final dominguêro, diz Romero
    > A história do Cine Ipanema: prova inconteste da presença da cultura (industrial)
    – na vida social da St’ANA do RI-`Panema do $h X(i)X(i) japa SUSHI na Av N Sra de Fátima,
    > No bairro do MONUMENTO: passado vão e inglório, hesitante marca inapagável tec’artístico-Kult!
    – ‘GnoramU nossa participação na construção dessa história da consciência coletiva!
    > No PRESENTE tarefa d’amantes d’História com JUSTIÇA aos nomes q’a escrevem: gente que FAZ!
    – ARTE e cultura na Capital do Sertão das Alagoas. – Avante juventude!
    P.S. Espero que tenham gostado desse relato tanto quanto nós gostamos de fazê-lo.
    https://memoriacineipanema.blogspot.com/

  • Antonio Carlos Barbosa

    Concordo que o ato sexual seja um momento íntimo e de prazer extremo, sem registro por meio tecnológico algum, e sim da lembrança para ser vivida e curtida. Momento máximo de plenitude, de força instintiva, de pura potência. É como penso e como vivo.
    Entretanto, quem quer expor sua intimidade e tem quem queira e goste do exibicionismo, siga em frente. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

  • CICERO FREDERICO DA SILVA

    Me dou com esse seus escritos, me mostra as palavras de um momento lindo, O AMOR.
    Amor de viver bem.
    O outro lado se falou dos animais políticos. Essa gente que pouco tem feito a esse povo.
    AGRADEÇO pelo meu pouco conteúdo, mas uma certeza a nossa gente recebe pouco e essa raça política tem tudo.