Polícia enfrenta dificuldade para apurar assassinatos no Sertão

Os crimes de maior destaque em Alagoas este ano, pela simbologia, infelizmente ainda não encontraram desfecho pelas investigações policiais.

Como tudo indica, eles fazem parte da “velha violência”, que teima em não nos abandonar e nos remete ao passado de que nunca nos livramos.

Os assassinatos dos vereadores Neguinho Boiadeiro, em novembro, e Tony Pretinho, em dezembro – ambos em Batalha –, continuam a assombrar a população sertaneja, vítima maior desse modo atávico de solucionar conflitos políticos.

A polícia tem trabalhado em silêncio – que assim seja -, mas as especulações prosseguem, e sempre na mesma direção: a luta pelo poder levou à morte mais dois atores políticos do Sertão e pelas mãos da pistolagem.

Há de se perguntar ainda: o que foi feito da investigação sobre o assassinato, em 11 de agosto, de Rodrigo Alapenha, genro de Lula Cabeleira?

E mais: há relação entre este crime e os de Batalha?

Fato concreto é que a polícia, que tem demonstrado eficiência e preparo para lidar com a “nova violência”, patina diante dos casos que confirmam uma tradição histórica de Alagoas.

Há de se considerar vários fatores, principalmente o fato de que é a PM, que é treinada para o combate e enfrentamento com os bandidos, que lida no cotidiano com a criminalidade que apavora – principalmente – as populações urbanas, resultando num volume ainda impressionante de homicídios.

A maior parte tomba na periferia – jovens, pretos e pobres.

Os crimes de motivação política – a disputa pelo poder – exigem outra formação e estrutura, o que caberia à Polícia Civil, que sofre um desprestígio inexplicável junto à população e aos governos.

Apesar do esforço dos delegados – e, de fato, eles se esforçam -, além até dos limites materiais e de pessoal, há sempre o risco de se chegar muito perto dos coronéis da política local, que ainda acumulam muito poder, com seu interminável pacotes de votos.

E aí, como sói acontecer, o apoio se torna cada vez mais escasso. Não é esta uma invenção de agora, mas é a sua permanência que nos condena ao atraso civilizatório.

A lembrar: o Brasil consegue levar ao tribunal do júri menos de 8% dos responsáveis por assassinatos.

É claro que estes dados contribuem também para que o Brasil seja o país que contabiliza mais homicídios no planeta (mais de 10% de todas as mortes violentas que ocorrem no mundo).

A impunidade é um mal nacional.

No nosso caso, entretanto, ela ainda mantém a marca que nos tornou conhecidos nacionalmente.

Resta saber: até quando?