O bárbaro e covarde assassinato do cabo PM Evaldo Theotônio Gomes, 48 anos, na última sexta-feira, nos traz motivos importantes de reflexão sobre a violência desenfreada – em todo o Brasil, com os piores indicadores em Alagoas.

O crime já avançou no país para números insuportáveis: somos responsáveis hoje por 11% dos homicídios do mundo.

Como sociedade, exigimos que seja sempre a polícia a responsável por resolver toda a sorte de problemas, inclusive a falta investimentos e de políticas públicas nas áreas estratégicas do Estado nos três níveis: Educação, Saúde e também na Segurança Pública.

A PM é a mais visível das instituições para a população, até por causa das suas características particulares: o fardamento, as viaturas, tudo facilmente identificável nas ruas. A sua ausência é logo notada, como não acontece com nenhuma outra representação do Estado.

A morte do cabo Theotônio, cuja família deve ser amparada pelo Estado, há de ser entendida, sim, como uma ação criminosa contra esse mesmo Estado. Ele era um agente público a quem cabia a defesa dos demais cidadãos e foi assassinado sem nenhuma chance de defesa.

Como disse o coronel Marcus Vinícius, comandante da PM, os criminosos estão perdendo o respeito pela polícia. É verdade, sim, e isso ocorre em todo o Brasil.

Como reagir a isso?

Eis uma questão fundamental.

A reação da própria PM alagoana à morte de um dos seus integrantes, o cabo Theotônio, foi exemplar.

Se a corporação fosse seguir o que exige o senso comum – a média da sociedade-, os criminosos, prontamente identificados, não teriam sobrevivido.

Eis uma prova de profissionalismo e compreensão do verdadeiro papel da instituição: os bandidos foram presos – ou apreendidos, já que são menores.

Foi uma belíssima lição da PM para todos os cidadãos.

Há referências absurdas e completamente equivocadas – talvez até de forma deliberada – sobre o que foi escrito, aqui, no episódio de Guaxuma.

O detalhamento de uma operação naquelas circunstâncias segue o caminho natural da legislação. Está longe de ser uma condenação à instituição, que agora dá um exemplo de profissionalismo e, repito, uma lição a toda a sociedade alagoana.

Que fique sempre, e mais uma vez, claro: quando há confronto, não pode a polícia ser a vítima. Esta é uma verdade universal.

Há hoje uma expectativa de que sejam as corporações policiais a solução para todas as mazelas sociais, que resultaram no fato de que o Brasil atingiu os piores índices de violência no mundo.

É natural que os militares – a parte mais visível das polícias – se sintam pressionados pelas cobranças que chegam de todos os lados.

Não é justo da nossa parte. Este é um problema de toda a sociedade. Cobramos diariamente do Estado uma reação brutal contra a sensação generalizada de insegurança, mas deixamos apenas para o período eleitoral – cada vez mais tosco e vazio – o debate sobre a construção de uma sociedade em que a polícia lide apenas com os excessos humanos.

Estes sempre acontecerão, em qualquer lugar do planeta. Mas que não sejam elas, as polícias, as únicas responsáveis pela correção de rumos de uma sociedade adoecida pela violência.

Jogar nas costas desses agentes do Estado a missão de curar as chagas de um povo aviltado, amedrontado e desamparado é uma atitude social covarde, a que não podemos nos dar o direito.

Em tempo

Os dois primeiros comentários que chegaram ao blog – e estão liberados – comprovam qual é o ‘espírito geral’ da média da sociedade. Como entendo que não é nosso papel insuflar ainda mais violência, fecho a matéria para novos comentários, agradecendo a compreensão dos internautas.

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