Se a ansiedade nacional agora gira em torno do mata-mata da segunda fase da Copa do Mundo, em outro mata-mata o Brasil já desponta como o maior entre os maiores do planeta: somos o grande campeão de homicídios entre todas as nações.

E com uma folga que não apenas deve nos envergonhar, mas há de nos levar a uma ação efetiva, tão logo passe esse necessário período de alienação que vivemos (quase dez carnavais juntos).

De acordo com a prévia do Mapa da Violência de 2014, foram assassinadas no Brasil nada menos do que 56.335 pessoas em 2012 (o ano de referência). A Índia, que nos segue nesse ranking sangrento e que tem uma população quase seis vezes maior do que a nossa, registrou 43.355 assassinatos no mesmo período.

Para complicar – ou nos envergonhar ainda mais -, o respeitável Ipea considera que os dados do Brasil são subestimados: o número, na verdade, ultrapassaria os 60 mil mortos, a maioria jovem, a maior parte vítima de arma de fogo.

Eis um diferencial do Brasil em relação aos outros países, inclusive os Estados Unidos, o oitavo colocado neste campeonato macabro (14.827 homicídios em 2012): a presença maciça da arma de fogo.

Aqui no nosso país ela sofre restrição de mercado – o formal, que se ressalte (nos EUA se compra arma até em lojas de artigo infantil). Mas em qualquer feira popular, boteco, praça pública, se pode comprar uma arma, municiá-la e partir para a ação, em território nacional.

Existe, sim, uma cultura da morte no Brasil que precisa urgentemente ser desfeita e substituída por outra, que considere o assassinato algo efetivamente condenável moralmente e judicialmente.

Destacando: apenas pouco mais de 5% dos homicídios são esclarecidos no país. Os inquéritos policiais são mal feitos, as provas científicas são escassas, e os julgamentos, quando ocorrem, se deparam com a tal cultura da morte “matada”, que a admite como parte da nossa vida.

Outros dados estão diretamente relacionados.

Exemplos:

– Somos o maior consumidor de crack e cocaína do mundo.

– Somos o campeão do mundo de assassinatos relacionados ao futebol, cujo maior torneio realizamos com tanta alegria por aqui.

Os brasileiros são piores do que os outros povos?

De jeito nenhum.

Os homens são iguais em qualquer parte do planeta, carregando a sua pulsão de violência no nosso genoma comum. Ter consciência disso é um bom começo.

Saber que os países – e as civilizações – se diferenciam pela forma como lidam com os excessos próprios do homem, este é um aprendizado definitivo.

Eis uma tarefa que exige mais do que um Poder Público virtuoso (que também é fundamental).

Se apenas absorvemos a banalidade do mal, iremos nos distanciar ainda mais dos outros países em um mata-mata que faz sangrar a alma de um povo.

Minha avó e as artes do Cão
Números mostram até agora uma eleição sem tesão
  • Glorioso

    Com os políticos que tem o Brasil, que roubam o dinheiro: Da Educação; Da Saúde; Da segurança e ficam impunes. Empregos só para os Puxa Sacos nos Cargos Comissionados, veja a quantidade de: Ministérios; Secretarias Estaduais e Municipais e cabe mais, veja a Lei Delegada do “Cara é Bom”. Então eu me inspiro no excelente “Jurista Joaquim Barbosa”, quando afirmou que: “Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político”. Voto nulo já.

  • Roland Freire

    Cirurgicamente perfeito. Parabéns.

  • Bispo Filho

    Caro Amigo Ricardo!
    Todos nós estamos em choque com esta realidade cruel e desumana. Resta agora, chorar pela dor da perda daqueles que deveríamos proteger, daqueles que amamos.
    Nossos jovens, todos os jovens, têm sido mártires da nossa omissão. Estamos matando o nosso futuro, não apenas dos jovens, mas nas escolas, nos lares e nas ruas, tornando-nos omissos e sem poder de reação.
    Somos uma sociedade condenada ao atraso e à barbárie, constatados no dia-a-dia de nossas cidades.
    Longe de sermos um tecido social vivo e doente pelos erros da política ou da economia, sofremos pela degradação moral e por equivocadas escolhas culturais.
    O Brasil estagnou no coletivismo selvagem.
    Vivemos sob a égide da omissão individual e da coerção coletiva.
    Nossas vidas dependem cada vez menos da nossa própria consciência e cada vez mais do autoritarismo das forças de coerção.
    A crença no Estado protetor, com seus alvarás, proibições, regras e controles, não passam de alienação coletiva.
    Vivemos em constante fuga da realidade.
    Incorremos deliberadamente em omissão de responsabilidade.
    Culpar o Estado pelo quê?
    O Estado não tem culpa.
    É um ente incapaz pela própria natureza.
    A culpa é toda nossa.
    Coletivizamos a responsabilidade que deveríamos assumir individualmente e nos tornamos mais e mais selvagens.
    Não tomamos a iniciativa de fazermos a nossa própria investigação, com racionalidade e independência, para a mais simples prevenção.
    Concordamos com a impunidade, porque vivemos tentando imputar aos outros a culpa pela nossa própria irresponsabilidade.
    Abandonamos a razão, se algum dia a tivemos.

  • Servidor Municipal

    Ricardo, gostaria que comenta-se sobre assessorias MILITARES nas prefeituras de Alagoas, principalmente de Maceio onde foi publicado no diario do dia 27-06-2014 que todos os militares (dezesseis) vão receber todo mes 3 mil reais da prefeitura, mas para fazer o que? ISSO É UMA VERGONHA.

  • ARTUR

    Infelizmente não vejo esperança em inverter esse quadro de campeão de assassinatos sem : educação,saúde,segurança e políticos descompromissados com a seriedade. Enquanto não VOTARMOS com independência e com seriedade na escolha dos políticos, continuaremos assim.
    VOCÊ que vende VOTO, que VOTA por amizade e favor, contribui com esse atraso.

  • PRECDISO EXTERMINAR A MENTIRA E HIPOCRISIA.

    Os homicídios acontecem evidentemente por causa dos hipócritas enquadrados como autoridades através dos incultos. São eles: os falsos religiosos quer utilizam-se da ignorância dos pobres para aumentar-lhes suas dificuldades: ROUBANDO-lhes 10% do mísero salário para enriquecimento próprio. Também os politiqueiros do legislativo e executivo que chegam ao poder através da compra de voto do dinheiro roubado dos pobres – um judiciário comprometido com o legislativo e executivo e por isto tornando-se quase inoperante para os pobres. Também o excesso de vaidade da sociedade hipócrita – onde a maioria dos mais sucedidos tem a mania de querer aparecer rico e possuirem instinto de humilhar os menos favorecidos. Para analisar toda situação, observe a conduta destes falsos religiosos que ostentam riquezas e dexam seus seguidores ignorantes a mercê da miséria. Temos que ser menos hipócritas e vivenciar os verdadeiros sentimentos de humanos! Enquanto isto! Não há perpersctivas de melhora.
    A maioria precisa de asinceridade, honestidade, saúde, educação etc. Não a hipocrisia e mentiora. tome cuidado com o seu voto! Essa de não votar beneficia eles! Temos que votar consciente e sem interferEncia religiosa , especialmente os falsos protestantes que faz policagem dentro de suas seitas.

  • JEu

    O problema apresentado pode e deve ser analisado em suas características de simplicidade e de complexidade. É simples porque, como bem se afirmou no texto, nós, o povo, já contextualizamos a violência como algo “natural”, tamanha a frequência de sua ocorrência (quase que diária) como também de sua cruel estatística, e é complexa pois o fator primordial está no próprio ser “humano”. E nada mais complexo que o ser humano. No entanto, a história mais recente dos povos demonstra que, quanto mais educada (social, cultural, intelectual, ética e moral) for uma nação (aqui considerada em seu elemento humano) mais honesta, mais justa, mais organizada, mais politizada (no bom sentido) e mais consciente será a sociedade e, portanto, menos corrupta, menos violenta, menos miserável e menos alheia será a mesma sociedade. Acredito, mesmo, que a melhor sociedade será a que menos necessite dos serviços de polícia. Agora, o que é que nos falta para melhorar nossos padrões de IDH? As soluções devem ser prioritariamente simples, complexas ou uma combinação de ambas? Outubro vem aí. Não será a hora de iniciarmos nossa “revolução pacífica” do estado social que vivemos? Vamos pensar nisto alagoanos e brasileiros…

  • joatas

    Permita-me fazer aqui uma crítica a PM-AL, pois no Bebedouro há uma localidade chamada Loteamento Caiçara … lá está um inferno … muita bebedeira, inclusive menores, consumo de drogas, muitos marginais se reunindo em festinhas, todo final de semana e dias de jogos do Brasil, é claro.

    Pode ligar pro 190 … é pura perda de tempo … nem pisam lá.

    São três casas reconhecíveis pelo som alto (paredão) … uma delas de um filho de um ex-vereador … está tentando conseguir votos pra si nas próximas eleições municipais.

    Como evitar que crimes aconteçam se o 190 é pura perda de tempo? Se as pessoas de bem de lá reclamam das festinhas e a PM-AL nem põe o pé lá.

    O próprio vício, bebedeira e falta de educação é o estopim das brigas e crimes que lá acontecem.

  • Luiz Henrique

    Ricardo, quando apertamos no verde da urna, estamos de certa forma puxando o gatilho para que esses números aumentem. Os nossos supostos representantes, a quem confiamos o nosso voto nada fazem para coibir essa violência. Prova disso são os inúmeros casos em nossa cidade, como por exemplo o do Dr. José Alfredo Vasco, o do Nikael e o do empresário assassinado dentro de um supermercado, os três assassinatos no Stela Maris, a você pode ir pra ver, ainda há muitas ocorrências no mesmo local. Recentemente uma autoridade em nosso estado teve sua arma roubada após um meliante quebrar o vidro do seu carro no mesmo local, no momento em que almoçava. E aí te pergunto: Qual a atitude foi tomada para coibir isso ? Nenhuma, passo ali diariamente e não vejo uma viatura sequer fazendo rondas nas ruas que envolvem aquele local. E aí vem os candidatos ao governo dizer que AGORA querem ouvir o povo. Por acaso estavam surdos ? Cegos ? Só agora que querem ter o estado e o dinheiro que resta nele nas mãos é que dizem querer ouvir o povo. Há muitos anos clamamos por segurança, saúde e educação e AGORA eles estão interessados em nos ouvir. AGORA SOMOS NÓS QUE NÃO QUEREMOS MAIS OUVIR VOCÊS, QUE SÓ USURPAM O DINHEIRO DO NOSSO ESTADO E NOS ENVERGONHAM EM CADEIA NACIONAL, ATRAVÉS DOS ESCÂNDALOS EM QUE SE ENVOLVEM POR TENTAR PUXAR SEMPRE MAIS PARA OS PRÓPRIOS BOLSOS. Olha Ricardo, se houvesse justiça nesse pais, poucos seriam os fichas limpas de verdade em nosso estado que estariam aptos a se candidatarem para algum cargo político. Converso com os muricienses e os mesmos me relatam que a única coisa coisa que os Calheiros fizeram lá, foi uma estrada que os levam até a fazenda do Clã dessa família. Não tem segurança, a droga está acabando com os jovens, já houve até chacina numa praça em frente a um prédio público. O desemprego, a falta de atendimento médico e precária situação da educação de Murici, são só uma prévia do que virá para este estado caso o ” menino prodígio ” e fantoche do Sr. Renan Calheiros vai fazer com nosso estado, caso venha a ser eleito. Quem quiser faça como eu, vá em Murici e converse com as pessoas, vocês vão saber quem são os Calheiros por quem os conhece de verdade.
    Me desculpa Riicardo, por tão grande email, mas não posso ser omisso com a realidade e tenho que alertar aos que como eu pensam no coletivo para escolher quem nos represente. Por isso vou votar no ET, não o conheço, mas suas atitudes me motivam a isso.

  • AVISO DO JOSÉ!

    O comentário do internauta Luiz Henrique, juridicamente está erquivocado. Conforme nossa legislação eleitoral, não temos poder em anular uma eleição. Se deixamos de apertar a tecla verde da urna, estamos colaborando para os mais corruptos permanecer no poder e aumentar á árvore da corrupção; somos obrigado a escolher nosso representante, o eleitor mais esclarecidos deve divulgar, que ninguém vote branco ou nulo, porque a minoria vai decidir, aí a situação piora!. Aqui em Alagoas, espero que o eleitor vote consciente; jamais vote em candidato que responde a processo na justiça. Sugiro que vote em candidato novato na política!.

  • II – AVISO JOSÉ

    Também decidi – vou seguir o Luiz Henhique – vou votar no “ET” e espero que a maioria sigam-nos. É a melhor opção! Deus livre-nos desses “calheiros” administrar nosso Estado.
    Para o legislativo vou escolher um novatos da política – porque os detentores atuais – “É UMA VERGONHA”. P.S.: NO PERÍODO LEGAL, EM COMENTÁRIOS ANTERIORES – INDIQUEI O JORNALISTA RICARDO MOTA pleitear o mandato de Deputado; aí eu já tinha um candidato certo!. Não o conheço pessoalmente – mas acredito que tem moral suficiente para isto.

  • Luiz Henrique

    Ao amigo José, obrigado. Acredito que muito pensam como nós, e juntos podemos fazer a diferença para melhorar o estado no dia da eleição, e está será nossa resposta. Investir no novo, no ET é abrir uma fresta par que a esperança venha a os motivar a dias melhores.

  • REGINALDO

    TAMBÉM VOTAREMOS COM NOSSA FAMÍLIA NO E T. ESTIVE EM MURICI HÁ POUCOS DIAS, E SÓ VI MISÉRIA E TRISTEZA NO SEU POVO. ESSES CALHEIROS VÃO ACABAR COM O ESTADO DE ALAGOAS. ALAGOANOS, NÃO SE VENDAM. VAMOS SALVAR O NOSSO ESTADO SOFRIDO.

  • barakinalama

    É lamentável essa situação. Enquanto isso tudo está ocorrendo, o congresso nacional briga em cpi’s para saber quem roubaram mais na PTrobras e no metro de SP!!

  • Darcy Ribeiro

    Isso é a resposta de um estado que não investe em educação.
    Alagoas tem a pior EDUCAÇÃO do Planeta. Duvido que em outro estado tenha professor com turmas de 40 alunos ganhando 600 reais.