Uma matéria da Folha de São Paulo, edição de hoje, pode nos levar a algumas indagações sobre a polêmica em torno do Estaleiro Eisa, que até agora não teve sua licença liberada pelo Ibama.

É claro que cada caso é um caso. Mas a liberação – segundo o jornal, em tempo “inususal – de uma obra bilionária no Porto de Santos, por influência do grupo denunciado pela PF na Operação Porto Seguro, deixa a interrogação: se o Grupo Sinergy tivesse buscado outro caminho para a aprovação do estaleiro em Coruripe a questão não poderia estar resolvida?

Eis alguns trechos da matéria, abaixo. O título é: “Grupo ajudou ex-senador a liberar projeto de R$ 2 bilhões”.

No cargo de advogado-geral-adjunto da União, José Weber Holanda ajudou o ex-senador Gilberto Miranda na aprovação do projeto de um complexo portuário de R$ 2 bilhões na ilha de Bagres, uma área de proteção permanente ao lado do porto de Santos.

A obra, que ocuparia 1,2 milhão de m² –área similar a do parque Ibirapuera–, dependia de autorização do Ibama, da Secretaria de Portos e da Secretaria de Patrimônio da União. Todos aprovaram.

Weber atuava com Paulo Rodrigues Vieira, preso na última sexta pela Operação Porto Seguro da Polícia Federal sob acusação de comandar um grupo que fazia tráfico de influência em órgãos federais.

O empreendimento na ilha de Bagres, cuja construção começaria em 2013, é o maior negócio flagrado na operação.

Para a procuradora Suzana Fairbanks, “Paulo provavelmente estava pagando Weber por seu auxílio, enquanto adjunto da AGU, no parecer que fundamentaria a licença de construção e exploração, a titulo privativo, de terminal no porto de Santos”.

O projeto foi aprovado pelo Ibama em um ano, tempo considerado inusual, segundo especialistas. Licenciamentos desse tipo costumam demorar de dois a três anos. A procuradoria do Ibama é vinculada à AGU.

Em outro telefonema, Vieira diz que foi ele quem escreveu parecer sobre o projeto: “Foi até eu que deu aquela redação, daquele jeito ali”.

A PF diz no inquérito ter indícios de que os pareceres oficiais chegavam prontos para os órgãos do governo. Um dos indícios disso aparece numa conversa de 7 de maio entre Gilberto Miranda e Vieira.

Miranda pergunta se Glauco atenderia pedido do grupo.

“Ele dá sequência?”, quer saber Miranda. Vieira responde: “Dá! Principalmente se levar pronto. Principalmente se levar mel na chupeta”.

O Ibama tem um corpo técnico respeitável, que chegou ao órgão pelo velho e bom concurso público.

Mas se projetos desse porte são “aprovados” – de acordo com a matéria – pelo submundo da administração pública, o Eisa não seria, já, uma realidade se o “mar se abrisse” também para a passagem do Grupo Sinergy?

Confesso que nunca senti grande atração – e já fui muito criticado por internautas e amigos por conta disse – pelo noticiário do chamado mensalão.

O que vejo agora, confesso, me deixa absolutamente perplexo.

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  • nilton costa

    QUERIDO RICARDO,
    LÁ EM CORURIPE, ONDE IRIA SER FEITO
    ESTE ESTALEIRO, NÃO ENTRA NEM JANGADA
    NA MARE SECA, QUANTO MAIS NAVIOS.

    ACORDA ALAGOAS!!!!

  • Paulo Rostner de Olivença

    Caro Ricardo, você está absolutamente correto nas suas indagações, pois trocando em miúdos: a grande verdade é que o IBAMA foi apenas a cortina de pedra de uma peça teatral, muito bem montada, com bravos atores atuantes, mas que jamais teria a sua estréia marcada.

  • Lembrete fundamental LOG

    Ricardo Mota, pelo artigo, fica no ar a insinuação de que existe algo que impede a aprovação do estaleiro EISA pois o grupo sinergy não adotaria as mesmas práticas. Convém lembrar, no entanto, de escândalo pouco divulgado: os fortes indícios de tráfico de influência do grupo no estado de alagoas. BAsta lembrar que a filha do Secretário Luiz Otavio (envolvido no caso Panamericano) “coincidentemente” trabalhava no grupo sinergy. É sujeira por toda parte. Grande abraço e excelente artigo.

  • Roberto Medeiros Lins Junior

    Nobre Ricardo, estou morando em Recife a pouco menos de 5 meses mas como apaixonado que sou por minha Alagoas, particularmente Maceió, fica impossível não notar a diferença abismal entre os dois estados, em particular as duas capitais. Falo em termos de desenvolvimento, pois ao que me parece as coisas em Alagoas parecem emperrar na MÁ vontade política dos gestores que estão a frente de nossa terra. Fico indignado por ainda estarmos dependentes de políticos sórdidos que só tem em mente os interesses próprios sem pensar no desenvolvimento e no progresso de nossa Alagoas. O que ouvimos falar é mais grave do que essas simples palavras de desabafo, mas eu não seria leviano de levantar falso contra ninguém. Portanto fica aqui uma opinião de revolta de quem acima de tudo é um apaixonado por Alagoas e só quer ver essa terra prosperar.

  • DIVINO

    A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS MEU AMIGUINHO …….

  • Há Lagoas

    Em nosso moribunda Republica da Bananas tudo é possível no contexto político, nestes bastidores e corredores do poder, tudo pode ser comprado, inclusive uma licensa.
    No caso de Alagoas a coisa é ainda pior, com uma classe política ineficiente para o bem público, eu só acredito no Eisa quando ele estiver funcionando!
    Será que é sonhar demais?! Creio que sim!

  • celso

    Na verdade, o governo de Alagoas é honesto, por isso preferiu aceitar o veto do Ibama, para depois apostar em outra área que não fosse o mangue. Enquanto o governo da Bahia usou de outros caminhos para licenciar o Porto em uma área mais protegida do que o mangue de Coruripe. Parabéns o Grupo Senergy e o governo de Alagoas por lutar com honestidade para conseguir junto ao Ibama a licença do Eisa!!!

  • Raimundo Oliveira

    O colega Roberto Medeiros fez um comentário descabido. Comparar Maceió a Recife é “insensato”. Deveria fazê-lo com relação a Aracaju que, apesar de menor, apresenta um dos melhores IDHs do nordeste, ao passo que MCZ tem um dos piores. Se quiser comparar Recife, que o faça com relação a Salvador, hoje a 3ª maior cidadde do Brasil.

  • Menino Besta

    Infelizmente todos sabem NOME e SOBRENOME de quem emperra o ESTALEIRO(e tudo mais) aqui em ALAGOAS. Mas como 99% de todos que habitam a “República das Bananas” vivem de beliscar as migalhas do cidadão, o progresso vai ficando para a próxima reencarnação. Fica a esperança de que algum dia um super herói irá baixar por aqui e TENTAR vencer o vilão.kkkk

  • ALAGOANO DE FÉ

    O licenciamento dos estaleiros pernambucanos e baianos estão no “esquema” desse escândalo.
    Lembro aos senhores especialistas em “outros estados”, que apesar das prisões ocorridas, na área do governo federal mais corrupto da história deste país – o GF não controla a PF, AS INVESTIGAÇÕES ESTÃO, APENAS NO COMEÇO!
    (SE ESSE GOVERNO FEDERAL, FOSSE HONESTO, LIBERAVA OS CORRUPTOS “AFASTADOS POR IMPOSIÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA” PARA DEPOR NO SENADO, COMO FOI PROPOSTO, ONTEM)
    Com relação ao secretário Luiz Otavio Gomes, o LOG – como o cara disse aí, deveria ganhar o título de “Alagoano do Século”, tamanha a sua luta em desenvolver o estado. Fez, em 5 anos, a base do desenvolvimento do estado (estruturação, legislaçao e projetos), o equivalente há 50 anos de “outros BONS ALAGOANOS”.
    Outro personagem, o dono do futuro estaleiro e presidente do grupo SINERGY, German Efromovich, em que pese ser dono de 100 boings (também, está adquirindo a TAP, que está sendo privatizada em Portugal), estaleiros, exploradoras de petroleo e armamentos de guerra, etc., não é de jogar dinheiro fora.
    ANDA EM UM CARRO 2007, viaja na classe econômica em seus aviões e tem hábito de telefonar pessoalmente para os clientes oferecendo pacotes promocionais, no hangar Aeroporto de Guarulhos. No recente lançamento da AVIANCA, no Aeroporto Zumbi dos Palmares, ele, dono, se fez despercebido.
    Em outras palavras: não gosta de gastar dinheiro com ladrões! (que os digam, alguns executivos da PETROBRÁS, a babel da corrupçaõ nacional).
    A comparação com Sergipe, feita aí em cima, está com os dias contatos.
    Acompanho os números econômicos de um(Sergipe) e outro (Alagoas) e estamos virando o jogo em quase 50% dos ítens, que eles eram melhores. Dou como exemplo, o PIB 2010. Lapada! Alagoas melhor!
    em Sergipe tem muito menos gente para cuidar, e isso é a razão de alguns indíces. Mas até quando?
    No fim lembro apenas que muitos aí, falam a verdade com relação aos nossos politicos.
    Renan Calheiros e Fernando Collor, são expressões máxima de dois parasitas, quando o assunto é coletividade. Feliz, senado para eles!
    ESTOU FELIZ POR ALAGOAS NÃO ESTÁ NESTE ESCÂNDALO.
    NÃO SE PODERIA ESPERAR NADA FORA DISSO, DO GOVERNADOR TEOTONIO VILELA FILHO, SEUS PARCEIROS E SUA EQUIPE, TÃO BEM CAPITANEADA POR LUIZ OTAVIO.
    (As passagens para Salvador, Aracaju e Recife, só de ida, estão á venda).

  • luiz antonio

    Eu fico só olhando… “Submundo da administração pública” submundo não caro Mota gente alí bem próxima do poder como a Secretária da Presidência da República, aquela que arranjou uma boquinha de R$ 20.000,00 mensais pro marido muito qualificado para o cargo certamente e outra para a filha na casa dos R$ 10.000,00 outra menina prodígio com certeza, claro que não tanto como o Lulinha filho um craque nos negócios segundo o papai… Sonho com o dia em que o Jornalista reconheça que nunca se roubou tanto nesse país…

  • Rosita Cardoso Silva

    Caro Ricardo,
    Fiquei deveras surpreendida com o seu comentário (rádio) hoje, sobre o mensalão. “É um espetáculo para a mídia”. Melhor seria ficar como estava, calado. Não me sinto confortável com tudo que está acontecendo antes durante e depois do governo Lula. Mas, você não acha que se o espetáculo fosse levado a efeito mais cedo estaríamos em outras águas?
    E o caso Rose Noronha, que o deixou indignado, também é um Espetáculo da PF?
    Desculpe a divergência, Rosita.

  • marcelo

    Tenho nojo de tudo isso e as vezes me pergunto se vale a pena ser alagoano.

  • PêCê

    E AÍ RICARDO, SERÁ QUE O PARECER DO IBAMA, FOI TÉCNICO?

  • sara

    Depois de tudo isso,o veto do IBAMA contra o estaleiro em Coruripe,tem algo de podre nessa novela!

  • Maria de Fátima

    Enquanto Renan e Collor e em mais particular Renan, não autorizar, tudo isso para não ser uma marca registrada no Gov. Teotônio, esse Estaleiro não vinga em AL, agora o povo sabe disso e pacificamente deixam para lá.
    Uma Andorinha só não faz Verão!

  • Mario Sarmento

    Esse “Alagoano de fé” vive em que País?
    Suissa?

  • PEDRO

    Parabens por seu comentário Alagoano de Fé. Se mais pessoas procurassem ver a verdade dêsse Estado, não deixando as picuinhas políticas aflorar, certamente teríamos a auto-estima dos Alagoanos em evidencia Brasil afora.Luiz Otávio Gomes é um homem íntegro, que com seu conhecimento, está desenvolvendo nosso tão lindo Estado. Quem não tiver gostando que se mande.

  • JOBSON, DO SINDIMETAL

    Ricardo, assim como a PF descobriu essa falcatruaela também deveria investigar o real motivo de o IBAMA haver negado, injustificadamente, o licenciamento para a implantação do Estaleiro Eisa.

    O indício ou prova de que o veto ao Eisa foi sabotagem política é que imediatamente após o anuncio de que ele viria ser instalado em Alagoas, o IBAMA, antes de realizar qualquer estudo ambiental preliminar, disse logo que os empregos a ser gerados pelo empreendimento geraria “favelização”.