Que compromisso nós temos para com a humanidade?

É uma pergunta simples, que cada um de nós já há de ter feito a si próprio, mesmo que ela tenha sumido na imensidão de preocupações que nos arrastam no cotidiano.

Viver é, também, cuidar do legado que deixaremos – queiramos ou não – aos que virão depois de nós.

E o fazemos ainda que não percebamos com clareza os objetivos de nossas ações. Talvez a tarefa mais inexata e inexpiável com a qual nos deparamos, se dela temos consciência, é a de lapidar pessoas, dando-lhes a espinha dorsal de sua personalidade.

Não apenas para perpetuar a nossa carga genética, uma “imposição” da biologia, mas também – e talvez principalmente – para que possamos continuar a interferir, independentemente da nossa vontade, em algum pedaço do destino do mundo. Por muito pouco que isso possa vir a ser.

Os filhos, se os temos, são o nosso maior legado (o que vale para os agregados). Deles devemos cuidar bem além do que fazem as outras espécies. E muitas delas, tantas vezes, o fazem melhor do que nós. As nossas formas de organização e convívio são muito mais complexas e nos exigem a capacidade de decidir sempre – para o bem e para o mal.

Dar amor, amparo, conforto e – provavelmente o mais difícil – ajudar a construir um caráter, com a precariedade e as incertezas que carregamos, mesmo assim, podem fazer uma notável diferença no meio social. A dolorosa negativa ou a reprimenda mais brusca – quando é o que nos mandam razão e sentimento – poderão representar o alicerce, em dado momento, da necessária construção de uma personalidade mais humana, menos egoísta (uma condição inevitável da nossa natureza), que possa compreender que “é impossível ser feliz sozinho”.

Nós somos, embora não os únicos, responsáveis diretos pela essência das nossas crias. A capacidade de discernimento, que adquirimos ao longo da existência, não pode impedir que a nossa “paixão permanente” cometa os seus próprios erros. Mas pode ajudá-la a dar a estes erros uma motivação mais nobre (ou, ao contrário, quando o defeito é de fábrica).

Quantos, da minha geração, não aprenderam a “amar” a humanidade, se entregando de corpo e alma à tarefa de construir uma nova sociedade,  justa, harmonizada, solidária?  E ainda quando a maturidade não nos colocava no devido lugar das nossas possibilidades!

Mas tantos, entre nós, nos mostramos incapazes de amar alguns poucos, às nossas vistas, por nos parecer um fardo insuportável e até dispensável.

Que não se confunda o amor com a traiçoeira permissividade, que há de resultar em saboroso retorno imediato, mas carrega para o futuro as suas consequências nefastas.

O desejo de construir um mundo melhor para os “nossos filhos” não há de nos fazer negligenciar na missão de fazer de nossos filhos a herança mais positiva que deixaremos para esse mesmo mundo.

Uma das melhores frases que guardo de Rubem Fonseca, escritor que li muito entre as décadas de 1980 e 1990, é:

– A principal obrigação de uma geração é fazer a seguinte melhor do que ela própria.

Será, como sempre, a utopia a nos mover?

Parece-me uma possibilidade plausível, o que nos cobra Rubem Fonseca, se o nosso trabalho, árduo e contínuo, não descuidar dos que estão tão mais próximos a nós.

Não tentar, errando e aprendendo, pode ser a nossa maior covardia.

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  • FRED

    O mais importante a resaltar vem começo do mundo com ADÃO E EVA, hoje reporto para minha familia e em especila ao meu saudoso pai ; – ABEL e minha mãe dona IVONETE, e trago para mim e meus irmãos e irmãs, é meu caro RICARDO vem o recomeço com minha mulher e, hoje três filhas, e com orgulho , uma formada e duas para se formar. O nosso, ou melhor o legado que deixo para elas são que o ser humano tem que andar com os seus pès. Espero que na vida das três lutem para viver bem e que venha com outra pessoa – os agregados somar. É, a nossa vida sempre será eterna com o prosseguimente das nosssas futuras gerações.

  • JARLAM DA SILVA SOUZA

    SOU PROFESSOR HÁ 14 ANOS, DESDE OS MEUS 19 ANOS. NESSA JORNADA, SEMPRE LEIO TEXTOS QUE ME DEEM INSPIRAÇÃO PARA EU LECIONAR LÍNGUA PORTUGUESA COM MAIS HUMANIDADE E VIVACIDADE. E SEUS TEXTOS TÊM ME AJUDADO BASTANTE NA CONSTRUÇÃO DE MEUS DISCURSOS DESTINADOS A ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA, EM SUA MAIOR PARTE CARENTES DE PLANEJAMENTO DE VIDA, MUITOS DESDE O NASCIMENTO. PARABÉNS PELO EXEMPLO DE PROFISSIONALISMO.

  • marilia castro

    Excelente artigo,poucos jornalistas possuem tamanha lucidez em matéria complexa sobre os valores hoje raramente difundidos.Parabens !

  • AAraujosilva

    Caro Ricardo, também, sempre acreditei tentei e tento cumprir essa árdua
    missão: fazer de meus filhos a herança mais positiva que deixarei nesse conturbado e alienado mundo. Nesse trabalho hercúleo, tenho a nítida sensação que acertei muito mais do que
    errei; fiz e continuo fazendo um mínimo, minimorum, possível para construir um mundo melhor. Emboramente, por ignorância, alienação ou pura maldade, a maioria dos viventes quer, mesmo, é ver o circo pegar fogo. Legado? Que se exploda…

  • Clodoaldo

    Parabéns pela matéria, fantástica.

  • Eliezer de Azevedo Falcão

    NOS DIAS ATUAIS OS PRINCÍPIOS, OS VALORES MORAIS, ÉTICOS, NÃO TÊM IMPORTÂNCIA, SÃO IRRELEVANTES.

  • Rosangela Santos

    “Mas tantos, entre nós, nos mostramos incapazes de amar alguns poucos…”

    Há muitos MAUS pais deixando aos filhos o legado do egoísmo e desamor. E costumo dizer, hoje em dia, “quanto mais conheço filhos, mais amo minhas filhas!”
    Belo texto, Ricardo, como sempre!

  • Álvaro Antônio Machado

    Belo artigo, amigo. Temos que diuturnamente, junto aos familiares, amigos, a quem pudermos alcançar,estimular esse legado. Isso que vc escreveu tão bem é como nos ensinou Mahatma Gandhi. Perguntaram-lhe numa ocasião quais são os fatores que destroem o ser humano,e ele respondeu assim:

    “A Política sem Princípios, o Prazer sem Responsabilidade, a Riqueza sem Trabalho, a Sabedoria sem Carácter, os Negócios sem Moral, a Ciência sem Humanidade e a Oração sem Caridade. A vida tem ensinado a mim, que as pessoas são amáveis, se eu sou amável; que as pessoas estão tristes, se estou triste; que todos me querem bem, se eu quero bem a eles; que todos são maus, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu sorrio para eles; que há rostos amargurados, se estou amargurado; que o mundo é feliz, se eu sou feliz; que as pessoas tem nojo, se eu sinto nojo; que as pessoas são gratas, se eu tenho gratidão. A vida é como um espelho: Se sorrio, o espelho me devolve o sorriso. A atitude que tomo na vida, é a mesma que a vida tomará ante mim.” Assim, amigo, “Quem quiser ser amado, que ame”. Forte abraço, Álvaro.

  • Legado?

    LEGADO de erros e dos grandes, vejamos os erros de FHC/LULA/DILMA entre 1995 a 31/10/2012:
    1-DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL deixada pelo governo ITAMAR FRANCO em 31/12/1994 era de R$ 60 BILHÕES.
    2-FHC/LULA/DILMA pagaram a DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL entre 1º/01/1995 a 31/10/2012 o absurdo de R$ 8,694.2 TRILHÕES a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTOS.
    2.1-FHC pagou R$ 2,079.5 TRILHÕES.
    2.2-LULA pagou R$ 5,041.5 TRILHÕES.
    2.3-DILMA pagou R$ 1,577.2 TRILHÕES.
    2.4-FONTES OFICIAIS DO PRÓPRIO GOVERNO FEDERAL: LOAs 1994 a 2012 – Lei Orçamentária Anual, via Códigos Orçamentários de nº 25.000, n° 71.000, n° 74.000 e n° 75.000.
    3-Mesmo tendo pago R$ 8,694 TRILHÕES, a DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL hoje é de + de R$ 3 TRILHÕES.
    4-No LEGADO da DÍVIDA inicial de R$ 60 BILHÕES, ter sido pago R$ 8,694 TRILHÕES e ainda deve + de R$ 3 TRILHÕES, é porque FHC/LULA/DILMA tomaram emprestado no mínimo algo entre míseros R$ 3 a 5 TRILHÕES.
    O que precisa saber é o destino de toda essa dinheirama, uma vez que no LEGADO do meio, R$ 4 TRILHÕES é mais do que suficientes para sanar todos os problemas na EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA E INFRAESTRUTURA. Como a DILMA, ela sabe, que nada foi resolvido, muito pelo contrário está cada vez pior, porque LULA se omitiu e DILMA também omissa no fazer AUDITORIA na DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL com a devida transparência e também no NIÓBIO, para saber paradeiro dos nossos TRILHÕES gerados pelos IMPOSTOS pagos quando os brasileiros vão as compras e pelos prejuízos na exportação de cerca de 650.000 TONELADAS de NIÓBIO subfaturado entre 2001 a 2011.
    No governo atual da nossa encantada idolatrada simpática bella e querida presidenta DILMA VANA ROUSSEFF, de 2011 a 31/10/2012 ela PAGOU a DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL só a merreca de R$ 1,577.2 TRILHÃO (100%) e com CIDADANIA gastou apenas:
    >R$ 2,3 bilhões (0,15%) com o MINISTÉRIO DA CULTURA, mas TORROU R$ 1,577 TRILHÃO com o Ministério da Fazenda.
    >R$ 15,4 bilhões (0,98%) com o MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, mas TORROU R$ 1,577 TRILHÃO com o Ministério da Fazenda.
    >R$ 90,3 bilhões (5,73%) com o MINISTÉRIO DO COMBATE A FOME, mas TORROU R$ 1,577 TRILHÃO com o Ministério da Fazenda.
    >R$ 101,2 bilhões (6,42%) com o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, mas TORROU R$ 1,577 TRILHÃO com o Ministério da Fazenda.
    >R$ 129,3 bilhões (8,2%) com o MINISTÉRIO DA SAÚDE, mas TORROU R$ 1,577 TRILHÃO com o Ministério da Fazenda.
    Diante do LEGADO, desculpem pela vergonha que passei, se não acompanham os meus passos, quanto mais o raciocínio, resta só rindo.
    P/Arabutan.

  • Rodrigo

    Temos o compromisso de deixar um mundo melhor para os nossos filhos, e filhos melhores para o mundo.

  • Eliseu Gomes

    Dinte da superpopulação do planeta,é pertinente a preocupação com o nosso legado às gerações futuras,7bi de pessoas…como atender as demandas,os sonhos de consumo? O nosso maior legado será a recondução do homem ao estado de consciência,mudar hábitos cuidar da natureza,tudo isso de forma coletiva,aliás,Max já dizia:o captalismo levará e destruirá tudo de roldão, pelo lucro. Incrivel,isso em 1848,hoje diante da exaustão do planeta a humanidade, para sua sobrevivencia, terá que acender a pira no túmulo
    do grande filósofo…

  • Cássia – Ignorância

    Bom dia Companheiro! desculpe fugir um pouco do seu tema mas é que morro de curiosidade em saber quem é o morto-vivo que fala em bilhões, trilhões… Sou povão e não sei quanto custa e nem como se escreve 3 trilhões… Isso é o legado da classe pobre que não sabe e talvez nunca saberemos o que é bilhão, trilhão… kkkkkkkkkk

  • Ruslan Queiroz

    Excelente reflexão, vi este texto que me fez pensar mais profundamente a minha relação com meus Filhos.

    REPUTAÇÃO E LEGADO PESSOAL

    Sempre que falo em reputação (e devo ter falado milhares de vezes sobre este assunto em palestras e artigos), invariavelmente as pessoas associam reputação de marca pessoal com sucesso financeiro. Como vivemos num mundo de busca de sucesso rápido e notoriedade, associamos facilmente as palavras reputação com sucesso financeiro partindo do pressuposto de que geralmente pessoas famosas são também ricas. E isso pode não ser uma verdade.

    Boa reputação pode gerar sucesso financeiro. Mas sucesso financeiro não resulta necessariamente em reputação. Porque você pode comprar tudo, menos reputação. Isso pode parecer óbvio, mas não é tão assim. Pense bem. Você pode enriquecer e ter uma péssima reputação. E pode ter uma ótima reputação pelo que você é e pelo que você está construindo e nunca tornar-se rico – financeiramente. Ou seja, reputação pode não gerar dinheiro, mas pode gerar sucesso. Depende da ótica que você dá ao que chama de sucesso.

    Por quê? Porque sucesso tem a ver com o legado construído. Com a história que você constrói e com o significado dessa construção depois que você passar. Assim, quando afirmo que reputação gera sucesso, falo não só do desequilíbrio que ela consegue na percepção de valor do mercado (que pode gerar um grande diferencial para ganhar dinheiro), mas acima de tudo da construção de valor da sua marca pessoal – que será muito maior que a soma de seus feitos. E que poderá produzir outros tantos feitos depois da sua passagem. Isso é sucesso de marca pessoal para mim.

    Tenho tratado o conceito de reputação como chave em Personal Branding com o foco na construção desse legado. Minhas perguntas são muito simples: o que você está construindo para poder ter o que contar na velhice? O que falarão de você e sobre o seu legado quando você passar desta vida? Ou, o que você está construindo aqui que terá a capacidade de ultrapassar a sua própria existência?

    Eu conheço e você também uma série de pessoas – talvez centenas – que morrerão muito ricas e sem nenhum legado. Ou seja, passarão pelo mundo de primeira classe (talvez com muita visibilidade e com notoriedade), mas que serão para sempre invisíveis. Sucesso ou fracasso? Não sei. Julgue você. Para mim, sem legado construído é fracasso. Sucesso para mim tem a ver com o desequilíbrio que você gerou no mundo, seja qual for o tamanho dos seus sonhos e do seu mundo. Isso para mim é sucesso de marca pessoal.

    Fonte:http://is.gd/iCRD8L

  • Edenilsa Lima

    Parabéns pelo artigo, escrito com muita propriedade, ressaltando o valor das relações humanas e da responsabilidade que temos para com a sociedade.
    Diante de tantas angústias pedimos ao ser supremo que nos permita sonhar com um mundo onde o espelho reflita apenas os bons exemplos e que nossos filhos,no futuro próximo,possam viver um legado positivo em uma sociedade de paz…