– O lobo é o homem do lobo.

A frase, que já nasceu clássica, vai além do humor, como quase tudo que escreveu o seu autor, agudo observador das misérias humanas (como Oscar Wilde e Balzac). Um “gênio” brasileiro, como já se definiu publicamente Millôr Fernandes. E não sem razão.

Nascido em 1923, no Méier, Rio de Janeiro, este personagem raro do jornalismo e das letras foi registrado como Milton Viola Fernandes. Mas o escrivão – sempre ele – caprichou na escrita, ao seu modo, e Millôr, aos 15 anos, resolveu adotar o nome que o consagrou e que parecia já estar na sua certidão de nascimento.

Foi nesta idade que ele começou a trabalhar em O Cruzeiro como contínuo. Aos vinte anos, quando assinava também “Vão Gôgo”, já era o jornalista mais bem pago do Brasil, com direito a automóvel – privilégio de poucos na época – e a morar em um apartamento de frente para o mar de Copacabana.

Um ano antes, para perplexidade geral, faria a sua primeira tradução literária: “A estirpe do dragão”, ou: “Dragon seed”, da norte-americana Pearl S. Buck. Estaria tudo dentro da plausibilidade, não fosse por um detalhe especial: Millôr nunca fez curso de inglês, idioma que aprendeu, como a tantos outros, lendo dicionários e gramáticas. É um autodidata que se tornou tradutor – aplaudido – de Shakespeare.

Autor de várias peças teatrais, livros, roteiros de shows, musicais e filmes, Millôr nunca escreveu um romance, apesar de ser comparado a Lima Barreto, por Ariano Suassuna, e Machado de Assis (“muito devagar”, para ele), por Carlos Heitor Cony. Depois de fazer 80 anos e de amealhar admiradores e inimigos, quase na mesma proporção (saiu aos tabefes com Chico Buarque), confessou sua ambição literária, com um objetivo único: “Meu maior sonho é ganhar o Prêmio Nobel – para poder recusá-lo”.

É claro, ele nunca alimentou nenhuma desconfiança quanto ao talento que carrega consigo. “É o seu maior admirador”, afirma seu amigo e escritor Zuenir Ventura: “Não cultiva a modéstia, falsa ou verdadeira: não tem dúvida de pertencer à categoria dos seres incomuns, privilegiados”.

Poderia parecer simplesmente arrogante, mas não é o caso. Millôr odeia o politicamente correto e exercita suas provocações com destemor. “À noite, todos os pardos são gatos”, escreveu em meio ao crescente debate sobre a beleza da negritude.  Não que seja racista, nada disso. Para ele, “todos os homens nascem iguais; e alguns até piores”.

Mas ai de quem o humorista-filósofo elege como inimigo! Com José Sarney ele foi impiedoso, demolidor, “uma bomba sobre o Japão”. Em 2002, publicou da sua lavra “Crítica da razão impura ou O primado da ignorância”, em que analisa a “obra” literária do ex-presidente, em especial  o romance “Brejal dos Guajás”:

– Um desses livros que quando você larga não consegue mais pegar. O Brejal só pode ser considerado um livro porque, na definição da Unesco, livro “é uma publicação com um mínimo de 49 páginas”. Dizem os íntimos que, depois de 20 anos de esforço, Sir Ney conseguiu afinal chegar à página 50, e gritou para dona Kyola: “Mãiê, acabei!”

Dizer mais o quê?

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  • ARTUR

    PARA ALGUMAS PESSOAS TEREM SUCESSO NA VIDA BASTA TER A ARTE DE SER: DOUTORADO EM ESPERTEZA,MALICIOSO, VÊ NA FRENTE DOS HONESTOS OU TOLOS E TER O DOM DE ENGANAR A TODOS DE UMA MANEIRA QUE TRANSMITA OU TRANSFORME A MENTIRA EM VERDADE E O MAIS IMPORTANTE PARA ESSA CLASSE ¨DOMINANTE¨ É O APOIO DOS QUE O ADMIRAM E DESEJAM ALCANÇAR O MESMO PATAMAR DE ¨SUCESSO¨ NA VIDA FINANCEIRA, CULTURAL E POLITICA. EM ALAGOAS, TEMOS VÁRIOS EXEMPLOS DE SEGUIDORES E QUE HOJE TORNARAM-SE DISCIPULOS E HOJE SÃO PORFESSORES PARA OS MAUS ALAGOANOS. TEM DUVIDA? É SO VERIFICAR A MENEIRA DE FAZER POLITICA EM ALAGOAS E COM UM AGRAVANTE: INCLUIRAM A FORÇA E A VIOLENCIA.

  • Celso Tavares

    Dizer o quê? Conheci-o ainda em Penedo, lendo O Cruzeiro. Nem sempre o entendia, mas como gostava daquela página!

  • Pedro Costa

    O Millôr e daqueles indivíduos que perde o amigo, mas não a piada. Talentoso. Casado, atualmente, com a jornalista Cora Rónai. Prefiro a erudição do seu Sogro Paulo Rónai, um dos maiores intelectuais que conheci.

  • Ricardo Gois Machado

    Dizer mais o quê?
    Para que?
    Bastou-me rir – e muito.

  • Rildo Oliveira

    Delícia de post, este.

    Millôr certa vez disse.

    “Cada dia que passa, fico mais convencido que o Figueiredo é as três bestas do Apocalipse”.

  • Marcos Guerra

    Parabéns pela magnifica obra e por sua
    sagacidade.
    Não perca seu tempo falando desse verme
    (sarney) ele mereçe o maior desprezo que um ser humano (pode ser considerado um?) pode desejar.

  • bjgbalboa

    Eu não sei se o verme retromencionado, seria escritor e faria parte de uma Academia de Letras que não fosse brasileira. O que Millôr Fernandes e outros já disseram é o bastante. Sem mais comentários.

  • wal

    Caro, Ricardo Mota, quando falar em grandes homens, de história, de exemplo,para humanidade,carente de educação,sofrida,enganada; não mencione o nome deste gogo de esgoto, maranhence…,( JOSÉ MARITACA SARNEY ); faz um favor.