Não, este texto não tem relação direta com o discurso justiceiro do senador Fernando Collor, ou mesmo com a campanha eleitoarl. Dois episódios da vida brasileira atual motivam estas linhas rasas. 

O primeiro foi o Enem. Durante a última crise envolvendo o Ministério de Educação, eu pude assistir a debates com personalidades do mundo acadêmico especialistas na área. Logo me dei conta de que o discurso geral caminhava sempre na mesma direção: a escola deve formar mais e melhor para o mercado de trabalho – nem uma só palavra em defesa da pregação dos valores humanistas, que podem, para valer, ajudar na transformação da sociedade brasileira.

A meninada anda sufocada, cada vez mais, pela exigência de ser profissional “competitivo, num mercado de trabalho cada vez mais exigente”.  Seria o novo (velho) darwinismo social, que Ernst Haeckel, cientista alemão, formatou e virou teoria de cabeceira para um austríaco que viria a governar a Alemanha – e, por pouco, não tomou conta do resto do mundo.

Há escolas, hoje, que “ensinam” a necessidade das relações puramente utilitárias, onde não cabem o afeto e a solidariedade. Um número de  instituições – e empresas – cada vez maior estimula a “cultura da guerra” entre os seus funcionários, partindo da premissa de que a amizade é “improdutiva”, em tempos que não permitem que se perca tempo. O clima belicoso está nas ruas, no trânsito, na intolerância com as diferenças.

Se estamos falando dos que podem ser os futuros dirigentes do país, o que dizer dos excluídos? A situação do Rio de Janeiro (o segundo motivo dessas linhas), hoje, é de estado de guerra – alguém tem dúvida em relação a isso? Os tanques na rua apontam na direção de jovens – na grande maioria – que não conhecem outro mundo que não o dos canhões vencendo as flores. Não há espaço, em suas vidas, para a arte, a cultura, ou algo além de um universo de consumo – rápido e intenso. Para eles, é “munhecada no espinhaço”, como pregou o senador-filósofo com grande respaldo nas várias camadas sociais da terrinha.

 A contradizê-lo, para quem  preferir uma declaração “mais profunda”, o sambista Zeca Pagodinho, em uma frase de rara precisão e simplicidade: “Você quer receber um beijo de quem nunca foi beijado?”

Missa de 7º dia

Acontece neste domingo, às 12h, na Igreja do Rosário (Rua do Sol), a missa de sétimo dia de Alexystaine Laurindo, filho do jornalista Odilon Rios e da professora  Ana Cládida Laurindo, na Igreja do Rosário. O jovem, de 16 anos, foi vítima da truculência que insistimos em creditar aos tempos de hoje. Um abraço em ambos e a minha afetuosa solidariedade.

A dor e a delícia de ser único
Eleição da AMA pode ser antecipada
  • sergio

    O que vi ontem pela Globo News, em primeira edição, 12h40m, foi um ato de traição aos cariocas e porque não dizer, aos brasileiros.
    Aquela enxurrada de bandidos captada por imagens do “robocop” da Globo, a uma distância de 2 quilometros – sem que eles percebessem, foi a imagem mais marcante da TV brasileira desde sua criação.
    A PM e BOPE do Rio, criticaram a Globo, por puro corporativismo. Mentiram para o povo. O carioca mais esperto, imaginavam que no máximo, havia 20 bandidos bem armados, mas 500 nunca! Mentiu o governador e por tabela o presidente!
    Foi sim, uma porrada no “espinhaço do povo”!
    E quem criou isso? Vem aquela estória dos presos politicos. Meia verdade. Quem criou isso foi o PDT de Leonel Brizola e depois o de Garotinho, que pulou depois para outro partido.
    Isso também é culpa da Policia carioca, a mais corrupta do Brasil.
    Só lembro aqui um detalhe: quando Rodolf Juliani em NY, implantou a Tolerância Zero, teve que demitir 8 mil policiais de NY, após as primeiras investidas. Um terço da Força Pública era de bandidos!
    No Rio não será diferente. Os bandidos vão fazer a “vendetta”, é só uma questão de dias.
    A Policia do Rio está repleta deles!
    Essa será mais uma “munhecada no espinhaço” do povo.
    Vibrem, mas reflitam!

  • Valmir

    Não é o que paresse,os governantes,brasileiros;querem, sim o uma população, ignorantes,se não os alagoanos,por ex; não acreditariam no comercial do estaleiro,e os mentirosos, não seriam eleitos.
    Jogam nas mãos dos prof.estes também são vítimas… Sem falar dos cursinhos, eles, não estão preocupados, em ensinar e sim, em aprovar;veja o que diz, nos comerciais: terminem o segundo grau, em 1 mês; dar pra tú ????

  • Everaldo Moura

    Parabéns por esse comentário, pena que poucos saibam interpretar, realmente essa é a real situação do nosso país.

  • Eudes Inacio

    O Zeca acertou! Como esperar a reciprocidade daquilo que o outro não tem nem conheceu? Contentamo-nos em dizer que tem escola, que o governo dá “bolsa”, que o acesso e o dinheiro são mais fáceis… Na prática, na vida do jovem pobre, por exemplo, acontece que ele vê na TV que para ser feliz é necessário comprar o objeto “A” ou “B”; que é feliz quem tem isso ou aquilo; que só é feliz quem consome, independentemente se por cima de algum valor ou alguma pessoa.
    Os Valores de outrora subsistem para os “valores” ($$$) de hoje.
    Ensina o governo deste País: É insuportável ser pobre; só é pobre quem quer, porque já foi facilitado dinheiro nos bancos, existem as “bolsas” alimentação (compra de voto institucionalizada, a meu ver)… Não tem dinheiro quem não quer. É assim que o governo pensa: tome dinheiro e sorria, porque você é feliz.
    Compramos objetos e vendemo-nos. Vendemos nossos valores para adquirirmos conforto e prazeres instantâneos.
    Como pode, o jovem supracitado, vislumbrar ser sem ter?
    Termino:
    – Oi irmão, de qual denominação você é?
    – Sou do Bradesco. E você?
    – Ah, irmão, aceite vir pro do Brasil. Aqui a graça ($) acontece.
    – É mesmo irmão?
    – É. Tem até obras sociais como o PAC, construção de casas, apoio aos esportes… Tudo na minha instituição.
    – É, irmão, tem praticar, né. Só depositar é obra morta…
    – É verdade.
    [enquanto isso, na porta da Instituição do Brasil, há uns pedintes das graças (moedas)].
    Não esqueço que tudo começou com apoio dos cristãos (sinto!).

  • ARTUR

    RICARDO, INFELISMENTE A VIOLÊNCIA QUANDO REPETIDA POR BANDIDOS SÓ RESOLVE COM VIOLÊNCIA. SONHO POR UMA OPERAÇÃO DESSA PARA PRENDER OS POLITICOS CORRUPTOS DE TODO BRASIL. JA PENSOU UMA FILA INDIANA DE POLÍTICOS ALGEMADOS EMBARCANDO PARA UM PRESÍDIO FEDERAL DO MESMO JEITO QUE ESSES BANDIDOS EMBARCARAM? E DEPOIS É QUE SERIAM JULGADOS COM A MESMA FORÇA QUE CONDENARAM OS LÍDERES DO BANDITISMOS NO RIO E S. PAULO?

  • Brutus

    Pois é Ricardo, a vida é dura, principalmente pra quem é mole. Mas não vamos recomeçar aquela bobagem hippie virando a esquina da segunda década do século XXI. Essa molecada tem que se profissionalizar mesmo, nunca esquecerei das horas perdidas com matérias como “moral e cívica”, coisa inútil.

  • HEYDER PEREIRA CAMPOS

    MESTRE, SEI NÃO. DIZIA MINHA VELHA VÓ AMÉLIA, QUE ME EDUCOU DOS 11 AS 23 ANOS : “FILHO, ÊSSE MUNDO TÁ VIRADO !” SÁBIA MACRÓBIA! TEM UNS CONCEITOS HOJE, QUE SE VOCÊ FOR DEFENDER, VIRA “CARETA” OU MORRE FUZILADO. PRÁ COMPENSAR, TÁ TODO MUNDO CHEIO (OU PRENHE) DE DIREITOS. DEVERES MESMO QUE É BOM, Ó…

  • Profª Rose Mary de Araújo

    Claudinha, querida, a dor de perdermos um ente querido só é superada com o tempo,banhada na misericórdia divina. Aceite meus sentimentos e a certeza de que sinto tristeza por você, por que só estou enterrando os meus! Um forte abraço!

  • Marisa

    Isso explica em parte porque temos tantas crianças e jovens, meninos e meninas, mal educados, sem noção de limites, respeitos a normas de condomínio, às leis, capazes de tantos crimes bárbaros, principalmente na nossa classe média.

  • tania mara

    Não sei o que será de nossos jovens, nessa cultura “tem que ter” para se sentir superior, vejo isso na familia e nos amigos…cada um querendo se impor pelas roupas, pelo celular melhor, pelas viagens que fazem e o espirito cada vez mais mesquinho, sagaz, discriminatorio….a propria escola na classe media pra alta discrimina os menos inteligentes, os mais timidos,os com menos dinheiro e por ai vai…até na universidade os cotistas são discriminados pelos colegas e alunos! que mundo podemos esperar com tais criaturas?

  • mordidinho

    Ricardo, qual a diferença entre bandido os do tráfico -, e politicos. A policia corre como louca atrás de traficantes (entorpecentes)- mas outra classe de traficante, o do voto popular – compra por qualquer 20 reais -, anda solta e não é só a policia que não tem peito para prendê-los. A Justiça também os abraça. Exemplo: qual daqueles taturanas, que meteram a mão em mais de 300 milhões de reais,está na cadeia. Pior que muitos deles, ou quase todos, ganharam um novo mandato. Ricardo,traficantes merecem ter fim e maus politicos também.

  • Luiz Ribeiro

    Acredito que o uso da força e a razao para enquadrar esses meliantes, o melhor e varrer de cima pra baixo todas as favelas do Rio, isso aconteceu desde que os volantes foram acabar com o governo de Antonio Conselheiro na Bahia, dai o governo da epoca prometeu e nao cumpriu para os herois, dai nasce a primeira favela: Morro da providencia, agora para limpar tem que usar a força sim.

  • Bruno Mir

    Belíssimo texto! Sinto extamente isso no meu ambiente de trabalho e muitas vezes no convívio social. Vou salvar e remeter para algumas pessoas próximas.

    Parabéns!

  • Gustavo Marinho

    Ricardo,

    Ao contrário do que você defende, não vejo como Darwinismo Social, não iludir os jovens com promessas de “leite e mel jorrando de pedras”, como sugeriu Lênin: temos, sim, que prepará-los hoje, para um amanhã certamente mais competitivo e árduo, em vários sentidos, além do profissional. Essa é a tendência natural de um mercado e mundo em salutar expansão contínua, seja nas artes, finanças ou relações humanas. Não há Darwisnismo algum, nisso, mas sim escolhas: ou vc fica parado, ou arregaça as mangas e vai à luta, com o que tem. Em qualquer dos casos, arque com as consequências que advêem dos atos – ou da ausência deles-, sejam quais forem.

    Se por um lado a “meninada anda sufocada” (sic), por outro, ela tem bem mais facilidade e conteúdo, no quesito Informação, para ESCOLHER entre bem/mal, certo/errado, ir/ficar. Discordo do seu discurso, neste tema, justamente por entender que é esse tipo de posicionamento que tende a transformar os jovens de hoje nos Beira-Mares de amanhã: muito cafuné, desculpas e nenhuma cobrança enérgica-e existe uma distância abissal entre cobrança enérgica e espancamento, como sabemos.

    A vida de quase ninguém é, ou foi fácil. Não vamos iludí-los, dizendo que a deles será um Mar de Rosas, mas prepará-los para enfrentar as prováveis dificuldades que terão, no percurso. Fique bem, cara.