A situação vivida pelo Rio de Janeiro, hoje, é uma construção histórica. O crime organizado, dividido em várias facções, cresceu por lá graças à permissividade e ao consumo “social” de drogas pela classe média – com o beneplácito dos governos. A polícia corrompida, em boa parte, passou a integrar a estrutura criminosa, que agora assusta a todo o país. Só nas guerras, comandadas hoje pelo mais novo Nobel da Paz, é possível ver uma cena, pela televisão, como aquela – de um helicóptero sendo alvejado no ar. Por tudo, lamentável.

Quero acreditar que nunca chegaremos ao quadro dantesco vivido pela ex-capital da República. Apesar da nossa violência cotidiana, o tráfico de drogas, aqui – mesmo tendo várias facções –, não alcançou nem deve alcançar a complexidade do Rio de Janeiro. Até porque o negócio rende somas astronômicas por lá – algo muito longe do também triste cenário alagoano. Temos mais a temer, no caso da violência urbana, com as ações do crime desorganizado.

A nossa particularidade se dá no envolvimento do poder público com as forças responsáveis por tantas mortes no estado. Parece ser um fetiche, um desejo atávico, o envolvimento das maiores lideranças políticas de Alagoas – mesmo as mais pacifistas – com os personagens que comandam esse outro tipo de violência. Ao final, é o erário que termina por financiar a manutenção do poderio bélico e, consequentemente, político dessa turma. Eis um dos principais motivos do nosso atraso social, cultural e econômico. Continuamos a ser uma terra de “coronéis”, por mais que a esperança, de quando em vez, bata à nossa porta. E se algum desavisado se põe entre dois deles, caso de Val de Agenor, ex-prefeito de Roteiro, o destino é o trucidamento.

A triste constatação: é até possível, embora improvável, que o crime organizado ao modo do Rio possa chegar a Alagoas. Mas o “nosso” modelo, perverso e arcaico, já foi superado há muito tempo pela Cidade Maravilhosa e arredores.

Recado aos internautas:

Mais uma vez, peço desculpas aos internautas por não liberar seus comentários. Na fase de transição ao novo projeto do TNH, eles estão chegando sem a devida identificação, o que motivou a decisão deste blog. Estou certo de que a situação – transitória, repito – logo será superada graças ao esforço e à competência da equipe técnica responsável. Um grande abraço – Ricardo Mota

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