“Toma lá, que o filho é teu”, diz juiz Gustavo Lima ao procurador Coaracy Fonseca- Paulão em cen

O juiz Gustavo Lima, também ele, deixou o Ministério Público numa situação incômoda quanto ao destino do deputado Paulão. Existe, e de há muito, uma cobrança interna de promotores e procuradores para que o chefe do MP, Coaracy Fonseca,  tome a iniciativa de pedir o afastamento do petista, assim como já aconteceu em relação à maioria dos deputados indiciados na Operação Taturana.  O procurador-geral de Justiça resiste, levando em conta o histórico do deputado, sem dúvida nenhuma o mais combativo parlamentar com assento na Assembléia Legislativa. No próprio episódio em que Fonseca quase foi expurgado do cargo pelo Conselho de Procuradores, o parlamentar lhe foi solidário – característica, aliás, da sua militância política desde os tempos do movimento sindical. Mas o estrago já está feito. O surpreendente indiciamento do deputado Paulão pela Polícia Federal já resultou em sérias conseqüências para o movimento social – o MSCC desfez-se em ruínas após o anúncio da PF. Dividido, aquilo que parecia “o novo” na organização popular, mostrou os velhos erros da eterna imaturidade, e o MSCC sumiu do mapa sem deixar rastros nem herança. A candidatura de Judson Cabral à Prefeitura de Maceió  também ficou “contaminada” pelo indiciamento do deputado petista. Arrisco a dizer que ele teve efeito mais devastador sobre o candidato do PT do que a confissão pública de Almeida – apresentando-se como autor de um empréstimo fraudulento- trouxe conseqüências para o prefeito reeleito. A decisão do juiz Gustavo Lima, considerado muito técnico – e exemplar, neste sentido – ecoa com uma frase para o Ministério Público Estadual:  “Toma lá, que o filho é teu”. Passa a ser o procurador-geral, Coaracy Fonseca, mais uma “vítima” do indiciamento do deputado Paulão. Digo aqui, com todas as letras – e esperando o bombardeio dos internautas –, que tenho grande respeito ao sindicalista e parlamentar Paulão. Respeito que ele conquistou. Mas, mesmo que  venha a provar sua inocência – ou "pecado menor" no episódio( e aí há outros, também) –, a permanência dele na Assembléia, hoje, não o deixa como único vulnerável na história. Também põe em xeque a corajosa e exemplar atuação do MP alagoano no desdobramento da Operação Taturana. Mantendo o silêncio, o procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca, pode encerrar sem nenhum brilho uma gestão que o transformou em alvo da admiração do povo alagoano. Um lamentável desfecho para uma história de bravura.