A procuradora da Lava-Jato Jerusa Viecili deu uma bela demonstração de humildade ao pedir desculpas por uma mensagem no chat entre integrantes do MP Federal, que atuaram e/ou atuam na mais importante investigação de corrupção do país.

Lembro: ontem, The Intercept Brasil publicou troca de mensagens entre os procuradores tratando, entre outros casos, da morte da esposa do ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

Ao receber a informação de um colega, em 3 de fevereiro de 2017, a procuradora escreveu: “Querem que eu fique pro enterro?”.

Na sequência, colocou um emoji sorrindo – diz a publicação.

Hoje ela deu uma demonstração de humildade – além de comprovar a veracidade do conteúdo divulgado – e nenhuma empatia e/ou respeito.

O que ela disse?

“Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula”.

Há de se louvar a atitude da procuradora Jerusa Viecili, até porque os demais colegas dela não o fizeram. Ela terminou apresentando uma prova de caráter, se expondo onde outros se encondem.

É importante entender que o melhor caminho para alguém chegar ao serviço público, principalmente num país cronicamente patrimonialista, em que algumas família se apoderam do Estado, é o concurso público – não há meio mais honesto.

Só que fica demonstrado também que é preciso ir além de medir apenas conhecimentos técnicos nesses certames, notadamente para aqueles que vão decidir sobre a vida dos outros cidadãos.

(Por favor, leiam o texto todo e não tirem uma frase apenas para o comentário.)

O passo adiante, nessa seleção, é entender que o concurso público não mede o caráter de ninguém, não mede capacidade de empatia, de respeito ao outro, mesmo que este seja o alvo dos servidores tecnicamente capacitados. Há profissionais, hoje, capacitados para fazer essa averiguação: um choque de realidade revela muito sobre todos nós.

Cotidianamente, todos fazemos julgamentos – de pessoas, de situações -, e o fazemos com aquilo que nós somos. A letra fria da lei é um mito, e como todo mito precisa ser desmentido.

Ao cobrar Cláudia Petuba, MP de Contas tenta provar que está vivo
Marco Referencial de Maceió é um esqueleto sem alma à beira-mar
  • Apareceu a margarida, MOROu? – Olê, olê, olá! – ÁS na manga ou cavalo de Troia?

    A veracidade é uma das PONTAS afiadas da justiça CEGA … [28ago19]
    > Anulação de sentença de $’Moro no STF surpreende:
    – PASMOS até ministros que defendem freio na Lava Jato!
    https://painel.blogfolha.uol.com.br/2019/08/28/anulacao-de-sentenca-de-moro-no-stf-surpreende-ate-ministros-que-defendem-freio-na-lava-jato
    > Será + 1 estaca nua cravada no coração de VAMPIROS boquirrotos? – Asmodeu$! [28ago19]
    – Até onde sei, diz VERA … Inferno astral da Lava Jato num tem data para acabar, VAZA!
    https://jovempan.uol.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/vera-magalhaes/vera-inferno-astral-da-lava-jato-nao-tem-data-para-acabar.html

  • Há Lagoas

    Se a falta de caráter fosse um empecilho para ser um servidor publico – ou político – 90% dos cargos ficariam vagos…
    Triste constatação – com raras exceções – como é o caso da nobre procuradora Jerusa Viecili.

    • Sertanejo ENLUTADO esperando Justiça e PAZ com FÉ

      Quase (90%) que com CERTEZA de 100% verdade, caro Há Lagoas!
      > E quem nunca ZEROU o fundo do poço entre 4 paredes ÍNTIMAS?
      – RESSENTIDOS atirando 1ªs pedras em ATENDIMENTOS público!

    • To de olho ?

      Gostaria de saber se isso é uma característica de servidores e políticos, ou se cidadão está incluso enquanto brasileiro que é?

      • Há Lagoas

        Sou servidor público.
        Acredite, tenho plena consciência do que falei pois vivo neste meio. E como argumente anteriormente, existe raras exceções – neste caso – creio que o amigo se encaixa.

  • JEu

    Gostaria de ver, também, o mesmo sugerido “teste de avaliação de caráter” ser aplicado aos candidatos aos cargos eleitorais… e aí pergunto, qual seria o resultado?!!! creio que a Friboi e a Odebrecht podem dar uma pista, pois suas listas tinham nomes que iam de vereador a senador, espalhados pelo país inteiro… e olhe que nomes de dentro do sistema judiciário não foram divulgados nas listas…

  • Pobre Alagoas!

    “…num país cronicamente patrimonialista, em que algumas família se apoderam do Estado…”

    Isso não acontece em Alagoas!

  • silva

    coisa que o PT não fez, pedir desculpa ao Brasil.

  • Lucas Farias

    Prezado Ricardo, a manifestação de desculpas da procuradora é digna de reconhecimento. Especialmente nestes tempos sombrios de redes (anti)sociais, admitir um erro, quando se exerce um cargo com tanto poder e influência, desperta ódios e paixões de natureza político-ideológicas. O Direito, embora puro em teoria, é impuro na aplicação, porque instrumento de poder a serviço de nós, humanos, demasiadamente humanos, para mediar e resolver nossos conflitos. Não é perfeito, porque não funciona como autômato e depende de mãos humanas, mas é uma conquista civilizatória. Deve haver, nesse sentido, um compromisso sincero e efetivo de que seja respeitado. E que seus aplicadores e operadores não são salvadores nem messias. São humanos, narcísicos, falíveis, como todos nós. Por isso, a busca de aperfeiçoamento das instituições e do controle sobre quem exerce o poder é tão relevante. Não podemos admitir que fins justifiquem meios, porque só há fins legítimos se os meios também o forem. O contrário disso é princípio de qualquer tirania. A ninguém é dado o direito de estar acima de leis. Não podemos tolerar justiçamentos nem violações a direitos e garantias porque não gostamos de alguém. Uma lição que aprendi nos bancos escolares é a de que alguém somente está apto a viver numa sociedade civilizada se aceita que seu adversário tenha os mesmos direitos e garantias que deseja para si. Fora disso, resta-nos o estado de natureza, não o romantizado por Rousseau, mas aquele brutal e selvagem alertado por Hobbes. Um abraço.