O desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas está na iminência de retornar ao Tribunal de Justiça, instituição que já presidiu.

O julgamento da última denúncia contra ele no Conselho Nacional de Justiça, que começou esta semana, aponta um resultado expressivo em favor do magistrado e, praticamente, irreversível: são 10 votos pela absolvição, restando apenas três conselheiros para se manifestar – o que deve acontecer na próxima semana. Dois anos depois que ele foi afastado da magistratura pelo mesmo CNJ.

Por mais que o Judiciário seja corporativista – e é, aliás, o mais corporativista de todos os poderes, segundo o desembargador aposentado Antônio Sapucaia -, não se pode dizer que é isso que está prevalecendo no julgamento de agora.

A lembrar: foi também por unanimidade que Washington Luis foi afastado do importante posto que deverá voltar a ocupar.

Não tenho formação nem capacidade para avaliar o julgamento de agora – ou o de antes. Fato concreto é que o direito nunca foi nem será uma ciência, apesar de ser, sim uma importante criação humana, que, bem ou mal, ajuda a convivência coletiva.

Creio, porém, que a alta literatura pode ensinar muito aos da área – e aos de fora dela, também – sobre o que é ser justo e honesto nas próprias decisões.

São exemplos: o escocês Swift, do clássico Gulliver; Michel de Montaigne, filósofo, que também ocupou a função de magistrado, com seus Ensaios; François Rabelais, com o imperdível juiz Bridoye; Émile Zola, com o caso Dreyfus; ou Dostoiévskti, no dialético e intrincado julgamento de Dmitri Karamazóv.

Fantásticos, todos. Lê-los só há de nos ajudar a entender a alma humana – inclusive a nossa – e como decidimos na avaliação dos atos e comportamento alheios. Até porque qualquer julgamento sempre será subjetivo: as leis nada dizem, os que a interpretam, sim.

Quem,  no caso de agora, haverá de se manifestar com o conformismo ético de Pitágoras, o matemático e filósofo, que dizia: “Anima-te por teres de suportar as injustiças; a verdadeira desgraça consiste em cometê-las.”

 

O VAR da vida real
Pe Manoel Henrique: "As religiões não podem se fechar umas às outras"
  • JEu

    Concordo com o mestre Pitágoras… da mesma forma, um outro filósofo, há mais de dois mil anos atrás, também o disse, só que usando outras palavras… assim, deixou bem claro que melhor é sofrer o mal que se nos queiram fazer do que cometer um só mal que seja contra quem quer que seja… principalmente se este mal for totalmente “intencional”… pois só prova que o mal existe dentro de nós… e, portanto, nós é que somos maus… agora, retornando ao caso desembargador, deixo só uma dica, que trata de um conselho de um dos investigadores do caso americano do watergate: “follow the money”… e disse tudo…!!!

  • Joâo Melo

    Saibas palavras, merecem aplausos.

    • Democracia ao PONTO: garçon + 1 cana, tira gosto SARDINHA péÓóRrrrr sem ELA!

      Caro João! … na REALIDADE a justiça é HUMANA!
      meRmo aperfeiçoada p’eletrônica do telão do assistente VAR da Santa Fifa nunca chega a um padrão FOFO.
      Como agradar todo @-mundo se nem JESUS conseguiu:
      – o filho do HOMEM, nosso REI foi crucificado ANTES;
      – MESTRE falecido compulsoriamente aos 33 de idade;
      hoje e SEMPRE inspirando NOVAS geração de promotores e juízes.
      Nossos bravos GUARDIÕES capazes de continuar a tarefa do MESTRE: fazer JUSTIÇA com técnica e conhecimento, com TALENTO!
      Pois uma JUSTIÇA técnica e bem fundamentada nada tem a ver com justiçamento APRESSADO escancarando erros na internet FAKE e burra tuitando ZAP Falços.
      Agora temos os MELHORES concursados em certames PÚBLICOS também nas policias civil e militar BEM preparados e quase justamente BEM remunerados com nossos IMPOSTOS sonegáveis a cada dia.
      Ao que parece esta nova ORDEM tem limitado o escopo do legado CULTURAL da Comarca Servil desde 1817.
      A nossa ALAGOAS é um espaço fértil de gente TALENTOSA e ousada.
      Terra BOA e gente disposta porém maltratado por IGNORÂNCIAS preguiçosas.
      Parece loucura, mas é couZZa SÉRIA, amigo João!

  • jose godofredo

    Brasilsilsilsil! Rumo ao hexa!

  • Alagoano sem esperança

    A putrefação também existe no judiciário, a justiça além de cega é tetraplégica. A improbidade compensa.
    Vida que segue.

  • marcio silva

    ao lê tudo isso posto, penso que hoje já é domingo, então… viva são joão!

  • Há Lagoas

    Assim como um dia você esclareceu em um dos seus post: “judiciário não é sinônimo de justiça”. És algo que desde aquele dia passou a ser um conceito basilar em minha vida.
    E se o grande filósofo grego Pitágoras falou isso do “mundo grego”, imagine se ele fosse um cidadão brasileiro?

  • Joilson Gouveia Bel&Cel RR

    Atribui-se a Platão a sentença a seguir: “O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis”.
    No entanto, convém jamais olvidar o dito por François Guizot: “Quando a política penetra no recinto dos tribunais, a Justiça se retira por alguma porta”.
    Mas, volto aos ditos de Platão: “Não devemos de forma alguma preocupar-nos com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria verdade”.
    Aliás, não olvidando que o próprio Pitágoras assestou: “Pensem o que quiserem de ti; faz aquilo que te parece justo”.
    Porém, ainda prefiro o dito por Aristóteles: “A única verdade é a realidade”. 🙂 😉
    Enfim, se era (ou é-o) inocente por que o afastaram açodadamente e sem culpa formada?
    Quem responderá pelos danos causados à reputação, imagem e caráter do acusado defenestrado?
    Abr
    *JG

    Resposta

    Belíssima e bem argumentada reflexão, meu caro Bel&Cel RR.
    Que bom tê-lo como leitor e comentarista (ainda que discordemos tanto – ou talvez, por isso).

    Saudações democráticas,

    Ricardo Mota

    • Joilson Gouveia Bel&Cel RR

      Assaz contente com sua generosa anuência ao esposado em nosso modesto comentário: “(ainda que discordemos tanto – ou talvez por isso).” – Eis, pois, que somos gratos ao seu blog que nos permite a oportuna dialética “democrática”, nem sempre acordes; claro!
      Efusivas saudações castrenses e democráticas! 😉 
      Abr
      *JG

  • Paula Souto Mayor

    Problema é que não se pode condenar sem prova, sob pena de o julgador tornar-se o criminoso. No caso, parece que a defesa do Desembargador foi bem mais eficiente que a acusação. Dois anos investigando e nada se provou! Que esses advogados são eficientes na defesa, ninguém tem dúvida. Nesse caso trabalharam silenciosos e certeiros. Ninguém esperava esse resultado!

  • JR

    Vai voltar. Vai Presidente. E todos vão voltar a bajular.

  • Pedro indignado

    Pois é Collor, foi julgado inocente e canta de galo! Collor, volta a ser acusado de corrupção e já canta de galo que vai providenciar sua inocência…. Oxente, será que escrevi besteira o que tem haver com o inocente desembargador.

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