Recebi do infectologista Celso Tavares o recado abaixo, um alerta cheio de verdade.
Publico-o – mesmo ser ter a sua autorização – por considerá-lo justo e necessário.

A primeira epidemia de dengue em Alagoas completou 30 anos em abril passado.
Os esforços e os recursos despendidos foram significativos, mas pouco evoluímos. No início houve uma mobilização impressionante, porém logo a doença foi banalizada e o Aedes aegypti tornou-se o senhor das nossas terras. Um momento especial ocorreu em 1999, quando o Dr. Adib Jatene era Ministro ds Saúde – conseguimos manter o Índice de Infestação Predial em nivei inferiores a 1%, mas logo as eleições destruíram toda a estrutura.

Com a Zika, esperava-se que o acometimento das crianças, por enternecerem e comoverem, modificasse a atitude passiva e apática de TODOS os alagoanos. Tal como aconteceu com o Dengue, gradativamente a doença foi esquecida e hoje só é lembrada quando o Ministério da Saúde divulga o número de casos de microcéfalos.

Com a Chikungunya a situação tornou-se aterrorizante. A Assistência, imersa em perene crise, teve um acréscimo absurdo de atendimentos e, não bastasse isso, houve uma redução da oferta de serviços, pois até 20% dos profissionais de saúde adoecem. O que será de autônomos como pedreiros, cortadores de cana, cabeleireiros, manicures, dentistas cirurgiões e outros? Quem os sustentará? Quem proverá as suas famílias? Qual o impacto desse evento na já combalida Previdência Social? E os sofrimentos? A incapacidade de abrir uma torneira, uma garrafa de café, de se vestir? E as noites insones?
E o que fazer? Tudo, mas nada fazemos.

Continuamos vivendo nossas vidinhas como se nada estivesse ocorrendo. Insistimos em emporcalhar a nossa cidade e não arredamos o pé em insistir que o culpa é do outro, do vizinho…

Independentemente das motivações, babo de inveja quando vejo uma porção de gente lutando pela manutenção do Ministério da Cultura. Já pensou fazermos tal coisa pela Saúde, pelo controle do AEDES? Todos os dias ruas e rodovias são obstruídas por todas as razões imagináveis. Por que não pela Saúde? E as passeatas? Ah, com o seu poder…

Certamente, também poderíamos fazer tudo isso favorecendo a Educação e a Segurança. E, finalizando, como diria Gullar, a vida sem utopia não é nada.

Reajuste zero para os servidores estaduais: Temer imita Dilma
Bebê a bordo
  • JEu

    Grande verdade… quando é para ir a um baile de carnaval, um jogo de futebol, um carnaval fora de época, um forró, etc, etc, então fazemos todos os esforços, passamos noites insones, maltratamos nossa saúde e até arriscamos nosso orçamento familiar… agora, quando é para tomarmos os cuidados necessários para combater o famigerado mosquito aedes, então, até quando o vizinho reclama que não estamos tendo o devido cuidado para eliminar os possíveis viveiros, ou que colocamos lixo por toda a rua onde moramos, ou, ainda, que emporcalhamos os ônibus, as praças e locais onde visitamos (até shopping centers), então logo nos sentimos ofendidos ou, simplesmente, mandamos a pessoa cuidar da vida dela… Realmente, somos uma humanidade digna de lástima!!!!!

  • Gama

    Doutor Celso Tavares incansável defensor da saúde pública de Alagoas, principalmente na sua área, infectologia, infelizmente não muito compreendido… Parabéns Ricardo pela publição do texto

  • wal

    Faz mais de uns 40 anos que a cambada alagoana da política, vão a os veículos de comunicações,dizerem que vai continuarem a trabalhar por Alagoas; tipo:
    Na Saúde, trabalho e renda, moradia, segurança, e nada muda.
    VOTO NULO…