Por mais que pareça excessivo, volto ao tema porque ele se torna cada vez mais atual.

O Brasil, diz o Atlas da Violência 2016, bateu seu próprio recorde de assassinatos: foram mais de 59 mil – oficiais – em 2014, o que corresponde a 10% de todos os homicídios do mundo (notícia de pé de página nesses tempos monotemáticos).

Somos, então, a República dos Assassinos?

Quando vemos o perfil predominante dos mortos e de seus algozes, eles em tudo são semelhantes: jovens, negros, homens e pobres.

Dizer que a história está apenas se repetindo é ser generoso com a nossa passividade e falta de visão estratégica para mudar essa realidade que deveria nos envergonhar.

Temos, sim, a droga como um agravante, potencializando essa violência que enche os noticiários de todo o país.

Mas respondemos – nós, cidadãos – da maneira que nos parece a única solução: “Queremos mais polícia!”

E esse senso comum termina por guiar os governos, em todos os níveis. A crescente mediocrização dos dirigentes públicos, somada à covardia, resulta em políticas repressivas – necessárias – e exclusivas.

Ninguém quer mais correr o risco de olhar para o futuro, mesmo que não se veja lá, na construção de uma sociedade baseada na desanimalização, investindo em áreas estratégicas como o esporte e a cultura.

É possível, gastando pouco, chegar à periferia das grandes cidades com projetos eficazes nessas áreas, cujos efeitos só serão sentidos mais adiante, quando os atuais dirigentes públicos talvez já não estejam no jogo.

Mas o que dizem os marqueteiros?

Eis os nossos reais governantes. São eles que falam a “língua dos homens”, ainda que dos cidadãos desesperados, que não têm tempo nem disposição para processar os acontecimentos com uma visão crítica, para além do imediatismo.

Os novos gurus, líderes espirituais dos que nos governam, traduzem os sentimentos mais simples do homem do povo, dando rumo ao discurso e às ações dos seus contratantes.

Tudo pobre demais para quem quer ver avançar uma nação.

O que deveria ser a vanguarda passa a ser o reboque, puxado à corda.

Enquanto eles agirem assim, levados pela onda, caberá a pergunta: quem há de merecer a cadeira presidencial da República dos Assassinos?

Desculpas:

O blog continua no modo “lento”, esperando retornar à normalidade na próxima semana.

A roupa velha da Rainha (um texto de Osvaldo Epifanio)
Após dez anos, Maurício Breda deixa o Tribunal do Júri e assume a 17ª Vara Criminal da Capital
  • MARCK DE AGUIAR

    AQUI SE MATA DE FOME, DE FALTA DE CULTURA, DE VERGONHA, DE FACA, DE REVÓLVER, DE ROUBAR, DE TUDO…….

  • luciano fausto

    O NEGOCIO NÃO É SOMENTE ESPORTE E CULTURA, EMPREGO E DIGNIDADE ALIADOS A ESPORTE , CULTURA, LAZER , MORADIA DIGNA, SOCIALIZAÇÃO ATRAVÉS DE ACÕES ENERGICAS PARA FORMAÇÃO DO SER HUMANO, INFELIZMENTE NAS CAMPANHAS ELEITOREIRAS ATUAIS NÃO VEMOS NADA DISSO. AO INVÉS , VEMOS UM MONTE DE BABACA OPORTUNISTA ALIMENTANDO MAIS AINDA A FOME DE VIOLÊNCIA DO POVO, JA CHEIO DE TANTA IGNORANCIA.

  • Leitor Distante

    O Brasil é o recordista em desigualdade social. A América Latina é a região do mundo mais desigual. Naturalmente, são as partes mais violentas do mundo. Com tanta desigualdade, é difícil haver coesão social. Sobretudo num contexto em que as elites e a classe média não suportam que essas estruturas sejam mexidas. Foi assim com D. Pedro II. Um ano depois da Lei Áurea, ele sofreu “impeachment”. Nunca mudou.

  • Gustavo Herique

    Precisamos de uma policia mais aparelhada, valorizada, e moralizada, não adianta depois de tudo isso, leis que não mantem ninguém preso, desmotivando o policial que arrisca sua vida para mandar um bandido para cadeia. Claro que é falta de educação e saúde e tudo mais, porem o momento é de resolver os sintomas, a doença demora uns 20 anos ou mais, até lá todos já seremos assassinados.

  • WIDSO

    Entra Fernando e sai Fernando e quem paga é o povo que pela falta de cultura vota nele de novo e paga caro com corpo e com a alma, e entrega na mão de um pastor pra ver se salva com a barriga vazia não conseguem pensar, eu peço proteção a Deus, a oxalá .

  • Oscar RLFV

    Pergunta para o Bolsonaro o que vai fazer sobre isso?

  • Lopes

    Os últimos acontecimentos provam, da maneira mais cabal e inequívoca, que o Estado criado pela “Nova República” é imune ao clamor popular, é uma estrutura autônoma que paira, inalcançável e inatingível, acima da Nação. “Nossas Instituições”, diante das quais tantos se prosternam em adoração, são um círculo de proteção construído em torno da criminalidade triunfante e do golpismo mais cínico.

  • Há Lagoas

    Acreditar que o Estado é a solução das mazelas humanas é pura utopia.
    Ele é necessário, mas não é “um fim em si mesmo”.
    Uma sociedade com valores dúbios fatalmente produzirá sua própria desgraça.
    Abaixo a relatividade, princípios não se negocia.

  • WAL

    Brasil, república não só dos assassinos, como: dos políticos corruptos,da safadeza, do trambique,da roubalheira,do analfabetismo,da mentira,do descaso,
    das mães novas solteiras; e por fim da pior seleção do mundo…
    VIVA TODA A BANDIDAGEM DA LAVA LATO.

  • JEu

    Para mim, a melhor sociedade será aquela que menos precise dos serviços de polícia… no entanto, para alcançar este estágio, preciso é que a educação e a cultura sejam um apanágio dominante do povo… mas, como ter educação e cultura com fome, sem terra e sem teto, sem trabalho e sem saúde, somado a tudo isso a mentira, a corrupção e desfaçatez dos nossos políticos? É preciso ainda, penso, que o preconceito (não só de raça e sexo – dominantes em nosso país) contra os pobres seja praticamente excluído do seio social com uma melhor distribuição de renda, e isso só é possível em uma sociedade mais fraterna, onde não se pense só no “eu”, mas principalmente no “nós”… até lá….